É o Deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e senhor das matas. É o Deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
Ele nasce da Deusa, como seu complemento e carrega os atributos da fertilidade, alegria, coragem e otimismo. Ele é a força do Sol e da mesma forma , nasce e morre todos os dias, ensinando aos homens os segredos da morte e da renascimento.
É o Deus fálico da fertilidade. Ele é o guardião das entradas e do circulo mágico que é traçado para o ritual começar.
Segundo os Mitos pagãos o Deus nasceu da Deusa, cresceu e se apaixonou por Ela. Ao fazerem amor a Deusa engravida e quando chega o inverno o Deus Cornífero morre e renasce quando a Deusa dá a luz. Este Mito contém em si os próprios ciclos da natureza onde no Verão o Deus é tido como forte e vigoroso, no outono ele envelhece, morre no inverno e renasce novamente na primavera.
Para a maioria pode aparentar meio incestuoso, quando afirma-se que o Cornífero seja filho e consorte da Deusa, mas isto era extremamente comum aos povos primitivos onde os indivíduos se casavam entre os próprios familiares para conservar a pureza da raça. Além disso simbolismo do Mito deve ser observado, pois todas as coisas vieram do ventre da Grande Mãe inclusive o próprio Deus e por isso para Ela Ele deve voltar.
O culto aos Deus Cornífero surgiu entre os povos que dependiam da caça, por isso Ele sempre foi considerado o Deus dos animais e da fertilidade, e ornado com chifres, pois os chifres sempre representaram a fertilidade, vitalidade e a ligação com as energias do Cosmos. Além disso a Bruxaria surgiu entre os povos da Europa, onde os cervos se procriam com extremada abundância, por isso eram freqüentemente caçados, pois eram uma das principais fontes de alimentação. Com a crescimento do Cristianismo e com a intenção do Clero em derrubar Bruxaria, a figura atribuída ao Deus Cornífero acabou por personificar o Diabo e na atualidade resgatar o status deste importante Deus torna-se bastante difícil.
O Deus Cornífero representa a luz e a escuridão, a imortalidade e a morte, a interrupção a continuidade. Cernunnos, como também é chamado, simboliza a força da vida e da morte. É o amante e filho da Deusa, o senhor dos cães selvagens e dos animais. É ele que desperta-nos para a vida depois da morte. Representa o Sol, eternamente em busca da Lua. Seus chifres na realidade representam as meias-luas, a honraria e a vitalidade e não uma ligação com o Diabo. Ainda hoje existe muito confusão a cerca da Bruxaria e isto se deve a Igreja Medieval que transformou os Bruxos antigos em Feiticeiros do Demônio, por conveniência.
O culto à Deusa Mãe e aos Deus Cornífero é pré-cristão, surgiu milênios antes do catolicismo e do conceito de Demônio, o qual jamais foi adorado, invocado, cultuado e reverenciado nas práticas pagãs ou como deidade da Bruxaria.
A Arte Wiccaniana remonta os homens das cavernas e para entendermos o porque uma divindade com chifres foi reverenciada pelos Bruxos de antigamente e é reverenciada até hoje pelos Bruxos modernos temos que pensar como nossos antepassados.
Os chifres sempre foram tidos como símbolo de honra e respeito entre os povos do neolítico. Os chifres exprimem a força e a agressividade do touro, do cervo, do búfalo e de todos animais portadores dos mesmos. Entre os povos do período glacial uma divindade era representada com chifres para demonstrar claramente o poder da divindade que o possuía.
Quando o homem saia em busca de caça, ao retornar à sua tribo colocava os chifres do animal capturado sobre a sua cabeça, com a finalidade de demonstrar a todos da comunidade que ele vencera os obstáculos. Graças a ele todo clã seria nutrido, ele era o "Rei". O capacete com chifres acabou por se tornar em uma coroa real estilizada.
Muitos Deuses antigos como Baco, Pã, Dionísio e Quíron foram representados com chifres. Até mesmo Moisés foi homenageado com chifres pelos seus seguidores, em sinal de respeito aos seus feitos e favores divinos.
Os chifres sempre foram representações da luz, sabedoria e conhecimento entre os povos antigos. Portanto como podemos perceber, os chifres desde tempos imemoráveis foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura e não símbolo do mal como muitos associaram e ainda associam-nos. O Deus Cornífero é então o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na terra.
A Grande Mãe e o Deus Cornífero representam juntos as forças vitais do Universo
O rei do carvalho e do azevinho e senhor das matas. É o Deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
A mais antiga imagem conhecida do Deus Cornífero é aquela do Deus com chifres de cervo ou alce, o Senhor das Florestas. Com o passar do tempo, à medida que a humanidade se tornava sedentária, passando da fase coletora para o desenvolvimento de uma agricultura e a domesticação de animais, surgem as imagens do Deus com chifres de touro e de bode. Em todo caso, todas essas imagens o representam como o Deus portador da renovação e da virilidade.
O antigo Cornífero é o Caçador das Florestas, o Homem Verde, o Senhor dos Animais, o ctônico e escuro Senhor das Sombras que habita o submundo, o Senhor da Morte. O Deus em seu único aspecto celeste representa o Sol – representando o pilar masculino, porém seus principais atributos, que o concretizam como o Deus na Wicca, são esses citados.
Com o surgimento da agricultura, o Deus torna-se associado às culturas agrícolas, como o Senhor das Colheitas, que se oferece em sacrifício para que a humanidade possa sobreviver. A origem dos ritos da comunhão é muito antiga, quando o povo consumia a natureza divina transformada em pão e vinho, unindo-se ao seu espírito. Esses ritos estavam intimamente ligados aos mistérios da transformação e reencarnação, e eram retratados nos ciclos do reino vegetal e no mito da Roda do Ano.
Cernuno (em latim e nos idiomas celtas, Cernunnos) é o nome convencional dado nos estudos celtas às representações do deus com chifres do politeísmo celta. O próprio nome é apenas atestado uma vez, no Pilar dos Barqueiros, do século I, mas as representações de uma figura com chifres, frequentemente sentada em "posição de lótus", e frequentemente associada a animais e a manter ou vestir torques, são conhecidas de outras instâncias.
Nada é conhecido sobre o deus de fontes literárias, e detalhes sobre seu nome, seu culto ou sua significância na religião céltica são desconhecidos. Interpretações especulativas o identificam como um deus da natureza ou fertilidade.
O teônimo Cernunnos aparece na Pilar dos Barqueiros, um monumento galo-romano datando do 1o. século inicial D.C., para rotular um deus representado com cornos de veado em seu primeiro estágio de crescimento anual. Ambos os chifres têm torques pendurados neles.
O nome tem sido comparado a um epíteto divino Carnonos em uma inscrição céltica escrita em caracteres gregos em Montagnac, Hérault (como καρνονου, karnonou, no caso dativo). Um adjetivo galo-latim carnuātus, "com chifres," também é encontrado.
A forma proto-céltica do teônimo é reconstruída como ou *Cerno-on-os ou *Carno-on-os. O aumentativo -on- é característico do teônimo, como em Maponos, Epona, Matronae e Sirona. Maier (2010) estabelece que a etimologia de Cernunnos é desconhecida, como a palavra céltica para "corno" como um a (tal como em Carnonos).
Karnon do gaulês "corno" é cognato com cornu do latim e com *hurnaz do germãnico, com horn do inglês, basicamente do proto-indo-europeu.
O étimo karn- "corno" aparece tanto no gaulês como nos ramos gálatas do celta continental. Hesíquio de Alexandria lustra a palavra gálata karnon (κάρνον) como "trompete gálico", isto é, o corno militar celta listado como o carnyx (κάρνυξ) de Eustátio de Tessalônica, que nota sino com forma animal do instrumento.A raiz também aparece nos nomes de regimes celtas, sendo o mais proeminente entre eles, os Carnutes, significando algo como "os Únicos Com Chifres,"e em vários exemplos de nome civil encontrados nas inscrições.
Reflexos possíveis no Céltico insular
Existem tentativas de encontrar a raiz cern no nome de Conall Cernach, o irmão adotivo do herói irlandês Cuchulainn no Ciclo do Ulster. Nesta linha de interpretação, Cernach é tomada como um epíteto de um campo semântico amplo — "angular; vitorioso; conduzindo um crescimento proeminente" — e Conall é visto como "a mesma figura" como o antigo Cernunnos.
Neopaganismo
Na Wicca e outras formas de neopaganismo um deus cornudo é reverenciado; esta divindade sincretiza um número de deuses cornudos e chifrudos de várias culturas, incluindo Cernuno. O deus cornudo reflete as estações do ano em um ciclo anual da vida, morte e renascimento.
Na tradição do Wicca Gardneriana, o deus cornudo é às vezes especificamente referido como Cernunnos, ou às vezes também como Kernunno.
Cernunnos é representado como uma criatura quimérica cujo o culto que remonta a época correspondente se muito o início da Idade de Bronze, cujo o nome se supõem foi conferido muito após ter sido fixado a crença devocional nesta divindade a partir de uma imagem encontrada num baixo-relevo em Paris que reproduzia um homem sentado de pernas cruzadas que ostentava chifres na cabeça onde lia-se abaixo a inscrição ´´ ( C ) ernunnos ´´
Nas narrativas míticas a figura de Cernunnos como personagem é bem confusa já que existem momentos onde ele é descrito ao lado de uma figura feminina com poderes sobrenaturais sobre a Natureza que figura por vezes como sendo sua ´´mãe´´ e em outras é identificado como sua ´´esposa ´´ o que dá a vaga impressão da presença de um relacionamento incestuoso.
Para simplificar a compreensão do mito ficamos restritos ao que o poeta latino Marco Anneo Lucano ( 39/65 d.C) narra em breves passagens em ´´Pharsalis´´ , cujas as fontes históricas prováveis foram Tito Livio, Asinio Pollione e Sêneca , a saber que Cernunnos nasce sem chifres e reina no submundo de onde ajuda a comandar com sua ´´esposa´´( alguns a identificando sob o nome de Epona e outros como ´´ Dana´´ ) a vegetação e os animais até que em certo momento é traído por ela com ´´Esus´´ e dali surge uma ´´galhada´´ de cervo em sua cabeça.
A oportunidade desta traição surge por conta do fato que Cernunnos para cumprir com seus deveres tem que sempre durante certo tempo do ano recolher-se ao reino subterrâneo, deixando sua ´´esposa´´ sozinha por um longo período.
Observando que Lucius menciona no caso não bem diretamente ´´Cernunnos´´ e sim o amante fugaz de sua esposa a saber ´´ Esus / Albiorix ´´ onde o cita também sob a alcunha curiosa de ´´ Rei do Mundo´´ e sendo parte de uma espécie de´´trindade´´ em que figuravam ao seu lado de ´´Toutates / Teutates ´´ como uma espécie de ´´deus da guerra´´ e ´´Taranis / Caturix ´´ na condição de ´´Rei das Batalhas´´, fato que é curioso de analisar na medida em que vemos o mito de Cernunnos ter conotações mais que óbvias com assunto afetos mais fertilidade de maneira geral e agricultura de forma especifica do propriamente como tendo algo haver com batalhas , guerras e assuntos assemelhados como estas outras divindades citadas remontam arquetipicamente.
Origem
O que surpreende logo de cara o mito de Cernunnos ao analisar comparativamente a mitologia celta é que ela não usa como recurso de enredo a figura de seres quiméricos, isto é, volta e meia até um personagem se ´´transmuta´´ em forma animal só que nenhum é representado como tendo parte humana e outra animal ao mesmo tempo.
Igualmente , a lenda em parte recorda o mito greco-romano de Hades e Perséfone / Proserpina onde ela passa metade do ano com sua mãe na superfície ( Ceres /Deméter ) e a outra parte no mundo subterrâneo ao lado de seu esposo. Havendo é claro claras reverências a todo uma simbologia também vinculada a temas de fertilidade, agricultura, mudanças de estação e etc neste mito greco-romano . Seria coincidência?
Graças a arqueologia um pouco do mistério ao redor da figura tão deslocada de Cernunnos vai aos poucos , a saber a suposição básica era que Paris tinha sido fundada por uma tribo celta
( os Parise ) que depois foi melhorada pelos romanos a partir de sua conquista por volta de 52 a.C caí por terra para ceder lugar a constatação de que a cidade foi na verdade erigida por completo pelos romanos desde o inicio.
Isto somado com a constatação que gregos pelo menos na região de Marselha e redondezas desde o século V a .C figura como bem provável que o culto ao deus cornifero tenha sido trazido embrionariamente para região através dos gregos e depois apossado pelos romanos que deram as narrativas sua conotação guerreira , surgindo depois os celtas ( ou melhor os parisi ) para incorporarem sincreticamente em seu corpo de crenças a figura de Cernunnos.
Outra alternativa além dos gregos que surge é que ligures ou etruscos tenham trazido sua contribuição para a formação da imagem do ´´deus chifrudo´´ na medida em que é uma imagem típica de divindade vista entre povos que viviam da criação de caprinos e pastoreio bem como também eram povos que margeavam a região.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cernunnos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus_Corn%C3%ADfero
http://worldceltic.blogspot.com/2007/04/cernunnos.html