O pensamento egípcio era profundamente religioso. Para aqueles homens, o universo não poderia ser produto do acaso nem uma consequência de simples estados da matéria.
Da matéria em si não se poderiam formar as estrelas nem os rios nem nada da natureza e menos ainda os estados de consciência do homem.
Era uma concepção deísta da vida. Se encontramos no Egito mostras de uma religiosidade simples e fetichista, também encontramos ali sinais da mais alta metafísica religiosa.
Para o Egípcio havia uma natureza material e visível, porém havia também uma natureza espiritual e sagrada. Uma força espiritual, que sem confundir-se com o mundo material, nem diluir-se nele, o alentava e vivificava. Esta natureza superior estava representada por seus deuses e se expressava em obras no mundo concreto.
Considera-se que o egípcio era homem prático e concreto, e o era verdadeiramente, mas entendia que o que existe neste mundo era efeito de uma causa que transcende o fenômeno em si e que ultima instância é uma realidade espiritual, a que o homem pode ter acesso.
A Magia da Civilização Egípcia (Khemi) é especial e única no mundo, Seus conhecimentos sobre o mundo dos mortos e dos mistérios do céu, tornaram os egípcios os verdadeiros precursores da Era de Aquarius. Afinal, o nascimento do Egito ocorreu num signo de Ar, assim como a Era que estamos entrando agora.
O livro de Thot, ou o tarô, era conhecido desde a mais remota antiguidade, embora a ciência espiritual que ele expunha ficou “oculta” por muitos séculos. Através dele, que é a base do aprendizado e do conhecimento, o homem aprendeu a proteger-se de milhares de perigos que lhe ameaçavam a sobrevivência física.
Conta a história que o deus da sabedoria resolveu morar na terra, instalando-se no Egito, local que ele elegeu para dividir seus conhecimentos com os homens. Escolheu alguns discípulos, reunindo um grupo de alto nível intelectual e espiritual, para passar seus ensinamentos.
As profecias sobre as transformações pelas quais passaria o mundo que Thot queria mostrar as futuras gerações foram registradas num livro, ou seja o Tarô Egípcio - um conjunto de 78 laminas coloridas que continham figuras das divindades do Egito -, que tem símbolo à Astrologia e ao ocultismo.
Para que estes segredos não fossem revelados ao mundo na época certa, Thot guardou o livro em várias caixas, de ouro até numa madeira, super resistentes jogando-as no fundo do Nilo. Dizem que quem encontrou o livro foram os hebreus. Com base nos ensinamentos de Thot criaram a Cabala, e transformaram as 78 lâminas que compõe o Tarô Egípcio em 22 arcanos maiores e 56 arcanos menores.
(Luis F. Ayala - Revista Thot de 1983)
A prática da magia entretanto não está distante das praticas realizadas no antigo Egito, a qual em uma última análise é a fonte de todos os diálogos herméticos, pois o hermetismo lá floresceu, e portanto estabelece uma conexão entre as duas tradições Herméticas: filosófica e magia.
No livro dos mortos entendemos alguns rituais e práticas mortuárias que eram realizadas no egito, havia sim muitos rituais mágicos que inclusive ainda são praticados por seitas secretas.
O Livro dos Mortos evoluiu dos Textos da Pirâmide do Velho Reino esses encantos e rituais eram inscritos nas paredes da tumba de egípcios de alta classe apenas. No Reino do Meio estes segredos tornaram-se disponíveis para qualquer um que pudesse pagar um ritual de funeral e eram inscritos dentro dos caixões, para que as múmias ‘lessem’. Eventualmente, os textos de caixão se transformaram no Livro dos Mortos que era bastante usado durante o Novo Reino.
O coração era o centro da vida dos egípcios, por isso quatro feitiços eram dedicados para proteger o coração do morto. Feitiço número 23, a ‘Abertura da Boca’, era também crucial, já que restaurava os sentidos da múmia na vida após a morte.
O Livro dos Mortos era uma coleção de feitiços, hinos e orações que pretendiam afiançar a passagem segura e curta do falecido ao outro mundo.
O pergaminho de Nevolem relata o transporte da alma até Osíris: um barco leva o esquife negro, que contém a múmia do defunto, e os canopus; Ísis está próxima à cabeça e Néftis dos pés da múmia, ambas vestidas de vermelho. Após Anúbis receber o ataúde, a alma se ergue e começa a adorar os quatro gênios do Oriente, as aves sagradas de Amon. Então A alma é introduzida no tribunal de Osíris.
Tribunal de Osíris
O papiro de Nes-min mostra o que acontece com a alma após entrar no Tribunal de Osíris, o deus do mortos, que determina o mérito do defunto para entrar na próxima vida, avaliando suas ações no plano terrestre.
O coração do defunto está sendo pesado na balança da deusa Maat, que representa a verdade e a justiça. O deus-chacal, Anúbis, dá um voto a favor do defunto, restabelecendo o equilíbrio, enquanto isso, o deus-falcão, Hórus, olha para o deus-íbis Thoth, o secretário dos deuses, dando o veredicto favorável ao morto.
O defunto eleva as suas mãos em jubilo, acompanhado pela deusa Maat. Em sua frente está Ammit, um monstro com partes de hipopótamo, crocodilo e leão, que o teria aniquilado caso o julgamento fosse desfavorável.
AmmitA alma do morto, ao comparecer ao tribunal de Osíris, deveria recitar a seguinte oração para cada um dos quarenta e dois deuses presentes no tribunal:
"Glória a Ti, Senhor da Verdade e da Justiça! Glória a ti, Grande Deus, Senhor da Verdade e da Justiça! A ti vim, meu Senhor, e a ti me apresento para contemplar as Tuas perfeições. Porque Te conheço, conheço Teu nome e os nomes das quarenta e duas divindades que estão contigo na sala da Verdade e da Justiça, vivendo dos despojos dos pecadores e fartando-se de seu sangue, no dia em que pesam as palavras perante Osíris, o da voz justa: Duplo Espírito, Senhor da Verdade e da Justiça é o Teu nome. Em verdade eu conheço-vos, senhores da Verdade e da Justiça; trouxe-vos a verdade e destruí, por vós, a mentira. Não cometi qualquer fraude contra os homens; não atormentei as viúvas; não menti em tribunal; não sei o que é má fé; nada fiz de proibido; não obriguei o capataz de trabalhadores a fazer diariamente mais que o trabalho devido; não fui negligente; não estive ocioso; nada fiz de abominável aos deuses; não prejudiquei o escravo perante o seu senhor; não fiz padecer de fome; não fiz chorar; não matei; não ordenei morte à traição; não fraudei ninguém; não tirei os pães do templo; não subtrai as oferendas aos deuses; não roubei nem as provisões nem as ligaduras dos mortos; não tive ganhos ilegítimos por meio de pesos do prato da balança; não tirei leite da boca de meninos; não cacei com rede as aves divinas; não pesquei os peixes sagrados em seus tanques; não cortei a água em sua passagem; não apaguei o fogo sagrado; não violei o divino céu nas suas oferendas escolhidas;não escorracei os bois das propriedades divinas; não afastei qualquer deus ao passar. Sou puro! Sou puro! Sou puro!"
Para os egípcios, todo ser humano possuía várias almas (Ba, Akh, etc) e um Ka, uma espécie de corpo estéreo. Quando um homem morria as suas várias almas libertavam-se e assumiam a forma de um pássaro com cabeça humana. Para os eleitos (faraós, hierofantes, nobres, etc) acreditava-se que as almas viravam as estrelas do céu.
O Ka, entretanto, ficava próximo ao corpo, visitando-o regularmente nas tumbas mortuárias. Se o corpo fosse destruído pela decomposição, seu Ka também seria. A idéia da mumificação está ligada a essa crença, ou seja, conservar o corpo do morto para que seu Ka continuasse intacto.
Para que o Ka, ao voltar a sepultura, não ficasse sem o corpo, eram colocadas estátuas de madeira simbolizando o morto. Além disso, era preciso mantê-lo com oferendas de alimentos, de roupas e de tudo o que pudesse servir-lhe para continuar vivendo.
O Antigo Egito será sempre um dos períodos mais fascinantes da história da Humanidade. Primeiro pela riqueza cultural, mas principalmente por todo mistério que o envolve. No livro Religião e Magia no Antigo Egito, Rosalie David apresenta esse mundo intrigante e complexo, desde os oráculos e os videntes, os deuses e as deusas, até os cultos dos animais sagrados, os templos e os rituais da vida após a morte
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