BRUXARIA


Há uma grande confusão, entre os leigos, acerca de bruxaria tradicional e da moderna.

A bruxaria tradicional
tem suas raízes aprofundadas através do período pré-histórico, podendo ser considerada em parte irmã e em parte filha de antigas práticas e cultos xamânicos.
Historicamente, tal e qual os xamãs, o papel social das bruxas tradicionais era basicamente dividido entre a prestação de auxílio à população na cura de problemas de saúde (problemas da carne, da psiquê e do espírito) e o contato com os espíritos dos mortos e dos deuses (encaminhamento de espíritos recém-desencarnados a seu destino, obtenção de favores da Deusa e/ou dos Deuses, previsões do futuro para facilitar a tomada de decisões tanto no nível pessoal quanto para a comunidade - neste último caso a leitura do futuro seria para os chefes).

A bruxaria moderna,
por outro lado, embora se relacione firmemente com a Bruxaria tradicional, surge historicamente com Gerald Gardner, com a criação da Wicca no ano 1950 da Era Comum.
Apesar de a bruxaria tradicional, ao longo de seus estimados mais de 20.000 anos de existência, ter vindo absorvendo elementos estranhos a suas raízes ancestrais, sendo uma religião viva e que evolui continuamente, seu eixo fundamental é bastante distinto do da bruxaria moderna, pois Gardner não apenas adotou novos elementos, mas tornou alguns destes em bases fundamentais da Wicca, amalgamando de forma indissolúvel o que teria aprendido como iniciado na bruxaria tradicional com conhecimentos adquiridos junto ao druidismo e conceitos de origem claramente oriental.
Agrava-se a confusão entre bruxaria moderna e bruxaria tradicional ao ter se tornado recorrente o uso da expressão "wicca tradicional" para designar aqueles cuja linhagem iniciática remonta a Gerald Gardner.

Dois Princípios Básicos na Bruxaria

A Bruxaria, sendo caracterizada pela liberdade de pensamento, acaba por apresentar um amplo leque de linhas de pensamento e de vertentes de características bastante distintas, entretanto, alguns elementos em comum podem ser apresentados a fim de que se tenha melhor compreensão do significado da bruxaria. Elencamos dois princípios comuns, em especial, que ao mesmo tempo que ajudam a compreensão, afastam conceitos equivocados calcados em histórias infantis e preconceitos medievais à prática da bruxaria.

O Respeito ao Livre-Arbítrio 

Nenhum verdadeiro bruxo buscará doutrinar aqueles que têm outro credo.
Para os bruxos, a fé só é verdadeira se resulta de escolha individual e espontânea.
Nenhum verdadeiro bruxo realizará qualquer tipo de magia no intuito de se beneficiar de algo que prejudicará outra pessoa.
Para os bruxos, cada um tem seu próprio desafio a enfrentar.
Usar de qualquer subterfúgio para escapar dos desafios que se apresentam é apenas adiar uma luta que terá de ter lugar nesta ou em outras vidas.
Adiar problemas é o mesmo que acumulá-los para as próximas encarnações.


A Comunhão com a Natureza 
O verdadeiro bruxo respeita a natureza, e por natureza ele entende absolutamente tudo o que não é feito pelo homem, inclusive os minerais.
Quando preserva a natureza, suas preocupações não são a viabilidade da manutenção da vida humana na Terra, o verdadeiro bruxo respeita a natureza simplesmente porque se sente parte dela, porque a ama.
Os bruxos não acham que a natureza está à sua disposição. Os homens, os minerais, os vegetais e toda a espécie de animal são apenas colegas de caminhada, nenhum mais ou menos importante que o outro.
Ainda assim, matam insetos que lhes incomodam e arrancam mato que cresce nos canteiros de flores sem dramas de consciência.
Não são falsos em suas crenças nem românticos idealistas.
Acreditam que conflitos fazem parte da natureza.
Virtualmente todas as sociedades anteriores ao período moderno reconheciam o poder das bruxas e, em função disso, formularam leis proibindo que crimes fossem cometidos através de meios mágicos.
O período medieval não foi exceção, mas inicialmente não havia ninguém caçando bruxas de forma ativa.
Esse contexto relativamente benígno permaneceu sem grandes alterações por séculos.

As posturas tradicionais começaram a mudar perto do fim da Idade Média. Pouco depois de 1300, na Europa Central, começaram a surgir rumores e pânico acerca de conspirações malígnas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenenamento. Falava-se de conspirações por parte dos muçulmanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas.
Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população européia entre 1347 e 1350) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em supostas bruxas e "propagadores de praga".

Casos de processo por bruxaria foram aumentando lentamente, mas de forma constante, até que os primeiros julgamentos em massa apareceram no Século XV.

Na Idade Moderna
Em 1484 foi lançado o livro Malleus Maleficarum, pelos inquisitores Heinrich Institoris e Jakob Sprenger, que se torna uma espécie de bíblia da caça às bruxas. Com 28 edições esse volumoso manual define as práticas consideradas demoníacas.

Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1550 a perseguição cresce novamente, dessa vez atingindo níveis alarmantes. Esse é o período mais sanguinário da historia, que atingiu tanto terras católicas como protestantes e durou de 1550 a 1650. Depois desse período os julgamentos diminuem fortemente e desapareceram completamente em torno de 1700.

Novas visões históricas
A partir dos anos 70 do século XX, os historiadores passaram a estudar detalhadamente os registros históricos de julgamentos, ao invés de confiar apenas nos relatos dos casos mais famosos e outras fontes pouco seguras. A nova metodologia trouxe mudanças significativas na compreensão que se tinha deste período. Vejamos algumas das ideias chaves dessa nova visão:

A "Caça às Bruxas" na Europa começou no fim da Idade Média e foi um fenómeno religioso e social da Idade Moderna. A situação assumiu tamanha dimensão, também devido às populações sofrerem frequentemente de maus anos agrícolas e de epidemias, resultando elevada taxa de mortalidade, e dominadas pela superstição e pelo medo.
A maior parte das vítimas foram julgadas e executadas entre 1550 e 1650.
A quantidade de julgamentos e a proporção entre homens e mulheres condenados poderá variar consideravelmente de um local para o outro. Por outro lado, 3/4 do continente europeu não presenciou nem um julgamento sequer.
A maioria das vítimas foram julgadas e executadas por tribunais seculares, sendo os tribunais locais, foram de longe os mais intolerantes e cruéis.
Por outro lado, as pessoas julgadas em tribunais religiosos recebiam um melhor tratamento, tinham mais chances de poderem ser inocentadas ou de receber punições mais brandas.

O número total de vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, e destes, cerca de 25% foram homens. Mulheres estiveram mais presentes que os homens, e também enquanto denunciantes, e não apenas como vítimas. A maioria das vítimas eram parteiras ou curandeiros; mas a maioria não era bruxa.
A grande maioria das vítimas eram da religião cristã, até porque a população pagã na Europa na época da Caça às Bruxas, era muito reduzida.

Estudos recentes vêm apontar que muitas das vítimas da "Caça as Bruxas", bem como de muitos "casos de endemoniados", teriam sido vítimas de uma intoxicação. O agente causador era um fungo denominado Claviceps purpurea, um contaminante comum do centeio e outros cereais. Este fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcalóides da cravagem e, dependendo de suas estruturas químicas, afectavam profundamente o sistema nervoso central. Os camponeses que comeram pão de centeio (o pão das classes mais pobres) contaminado com o fungo, eram envenenados e desenvolveram a doença, actualmente denominada de ergotismo.

Em alguns casos, também verificou-se alegações falsas de prática de "bruxaria" e de estar "possuído pelo demônio", com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios ou como uma forma de vingança.

A BRUXARIA TRADICIONAL
Por Bruxaria Tradicional, entende-se que é de fato uma tradição espiritual/mágica marginalizada pelo senso-comum, transmitida por gerações, com seu núcleo intocado. Os chamados "Bruxos Tradicionais" são os portadores destas tradições, e o são, por estarem de acordo e em harmonia com os conceitos que formam a tradição.

A bruxaria tradicional não é exclusivamente familiar, embora seja de conhecimento comum que muitas das tradições que existem nos dias de hoje sobreviveram graças a determinados núcleos familiares, formando Tradições Familiares.

Quando um Bruxo Tradicional cria seu próprio método, baseado em sua vivência, conceitos e experiências individuais, este Bruxo não está criando uma tradição.
O conceito de tradicionalismo está mais ligado à sobrevivência dessas idéias, e de sua perpetuação para gerações vindouras.
A Arte ou Bruxaria tradicional é o termo usado para designar os indivíduos e grupos que participam do Mistério da Antiga Fé.
O Mistério da Antiga Fé flui sob nossos pés, e é a sabedoria ancestral que descansa na terra propriamente. Estes grupos e indivíduos são geograficamente localizados especialmente na Europa Setentrional, e em particular nas Ilhas britânicas, mas obviamente o termo, por extensão, tem alcance muito maior.

As práticas referidas aos Mistérios da Antiga Fé se referem às práticas pagãs, mágicas, feiticeiras e de ensinamentos místicos que foram passados em sucessão desde pelo menos a última metade do Século XIX.
As práticas referidas como Bruxaria Tradicional são variadas e de formatos diversos, de formas simples de folk magick (magia popular) e conjurações à rituais cerimoniais mais elaborados, onde os mistérios são expostos.
Assim como Andrew Chumbley escreveu em seu ensaio What is the Traditional Craft?: “É a típica e genuína Sabedoria-Popular (Cunning-Folk) de se utilizar qualquer coisa que se esteja à mão e transformar todas as suas influências, independente da proveniência religiosa, aos propósitos secretos da Arte”.
Isto guiou a Fé Antiga a dadas máscaras, orientações e uma grande variedade de formas que expõem este antigo conhecimento (lore) em ricas manifestações pessoais, centradas em torno da presidência do Mestre ou Mestra de um dado círculo de iniciados.
Portanto, é impossível se dizer se este ou aquele círculo é uma recensão da Arte Tradicional baseado na uniformidade de rituais: o que conecta as várias correntes conjuntamente é a linhagem comum, a aceitação mútua e a diversidade provocada pelo "witchblood" (sangue bruxo).

Tipicamente aqueles que seguem esta fé são ocupados com o legado feiticeiro da sabedoria, mas se esta sabedoria é concedida pelo sangue de Caim ou Seth, por Anjos, Daimons ou Demônios, elas são uma inteira ordem distinta de possibilidades. Pode se dizer que em muitas correntes da Bruxaria Tradicional a idéia de ' Elphame é central de uma maneira ou de outra - daqueles que cruzaram os limites entre os homens e “o outro”, como freqüentemente representado pelas fadas e seres de outros mundos - buscando conceder seu conhecimento para a humanidade, como também é se reflete nos decentes dos Guardiões. Mas isto, novamente, se torna em muitos casos, muito complicado para muitas das formas da Arte Tradicional, que preferem trabalhar guiados por seus familiares e guias espirituais em trabalhos de ‘worthcunning’ (magia das ervas) e simples feitiços desenhados diretamente no Livro da Natureza propriamente.

Em resumo, pode-se dizer que a Arte Tradicional é a Arte da Bruxaria codificada dentro do tecido da terra e os mistérios legados através do tempo e localidade para os guardiões dignos da Antiga Fé, assim como Chumbley declara no ensaio acima mencionado: “O Homem da Arte se move à margem da sociedade; ele caminha dentro do mundo da Humanidade, mas verdadeiramente 'fora dele'”.

Dentro dos círculos da Arte tradicional busca-se ativar a sabedoria ancestral que descansa codificada dentro da terra e do praticante propriamente, portanto, cada praticante e cada forma de se lidar com a sabedoria ancestral é ímpar, mesmo que se compartilhe da mesma herança ancestral, usualmente chamada de witchblood (sangue bruxo). Isto pode ser refletido nos caminhos de Caim, o progenitor do sangue bruxo e a disposição feiticeira natural de seu parentesco sanguíneo e espiritual para buscar a sabedoria utilizando-se de métodos e modos específicos de obtenção desta, e esta é a razão pela qual é mais freqüente o uso do termo Cunning Folk (Povo Sábio) quando se refere aos praticantes da Antiga Fé e da Arte dos Sábios. A mentalidade do povo sábio sempre foi aberta e amigável para a interação com outros praticantes de diferentes convicções, e incorporou estas crenças de uma variedade de fontes, orais, ritualísticas e textuais – tudo de acordo com o chamado espiritual.

Um pouco mais adiante, pode-se assumir que a mesma variedade de práticas e orientações como vistas nos círculos de Bruxaria Tradicional é também vista dentre os Bruxos Hereditários, desde que a orientação é de natureza similar e pode-se dizer que talvez todos os círculos da Arte sábia tradicional realmente surgiram das bruxas solitárias que carregavam a chama no sangue de suas famílias. Durante os séculos, quando as formas mais operativas e cerimoniais de se trabalhar os mistérios se tornaram disponíveis, não era incomum ver estas transmissões incorporadas no trabalho dos sábios mediados por uma mão espiritual para guiá-lo.
Chumbley declara: “Da perspectiva de um praticante, a adoção deste termo é um meio autoconsciente de se declarar a identidade como um dos ‘Cunning Folk’ (Povo Sábio), como um ‘Sábio’, um portador do sangue-sábio e assim como um iniciado da verdadeira tradição bruxa”.

Esta orientação é bastante diferente da que se vê na revivificação moderna da Bruxaria, conhecida como Wicca, freqüentemente acreditada como sendo a moderna recensão da Antiga Fé. O evidente enfoque da Wicca nas polaridades, o Ele e o Ela, o Sol e a Lua e o acoplamento das polaridades, posiciona a Wicca dentro dos parâmetros de método e segurança. Busca-se a sabedoria sobre o que pode ser visto, e assim os caminhos de auto-realização são executados por meios não-feiticeiros e mais seguros de realização natural. É freqüentemente considerada como uma religião e não uma Arte que corre através da linha consangüínea de Caim através de todos os cantos do mundo. Hoje em dia a Wicca e a Bruxaria Tradicional se encontraram em união e os limites entre as práticas tendem a ser enevoadas em algumas instâncias. Um exemplo disso é o Clã de Tubal Caim, que depois da morte de Robert Cochrane importou elementos da Wicca. É interessante notar que Cochrane propriamente detestava a Wicca, e tentou em várias ocasiões enfraquecer a popularidade crescente de Gerald B. Gardner, o pai da Wicca. Por conta desta propensão sincrética presente em muitas vertentes da Arte tradicional, é de certo modo natural que esta tendência em direção à simbiose também estenda para a revivificação moderna da Bruxaria conhecida como Wicca.

Desde que a Arte Tradicional fluiu como uma fonte poderosa para um nível mais público e acessível, especialmente através das obras de Andrew Chumbley, houve a conseqüência natural para que surgissem os Conseqüentemente vemos muitas pessoas que se referem a si  mesmos como bruxos tradicionais sem realmente possuir nenhuma compreensão do que isto quer dizer, e não demonstrando qualquer indício de aspirações verdadeiras dos Mistérios da Fé Antiga. Mas mesmo que isto seja dito, o verdadeiramente sábio não julgará, mas testemunhará as formas profanas e preservará seu próprio círculo contra isso. Afinal, é estreito o caminho de compreensão e poucos são aqueles que entrarão dentro do castelo e jantarão à mesa da glória, entre os sábios.

Embora diga-se muito nos dias de hoje que Wicca é uma tradição de bruxaria, vale lembrar que a mesma foi criada por Gerald Gardner aproximadamente na década de 40, e levada a público na década de 50, portanto conta com pouco mais de meio século de existência.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bruxaria

RETORNAR

A Bruxaria hoje é um ofício que se utiliza da magia natural para obter fins específicos. Existem diversas formas de práticas e variadas ramificações dentro do que chamamos de Bruxaria, por isso fica extremamente complicado criar uma definição generalizada, mas vamos tentar estabelecer algumas diretrizes.

A Bruxaria tem tendência pagã. Não todas as bruxas e bruxos necessariamente são pagãos, mas a maioria é.

A Bruxaria desenvolveu-se em diversas culturas e diversas épocas ao redor do mundo. Nunca existiu algo unificado. A história de que a Bruxaria é uma “antiga religião que sobreviveu à Inquisição” é equivocada. Por isso, podemos falar do que é a Bruxaria hoje e identificar crenças, cultos e práticas similares ao longo da história da humanidade. Esse é o motivo pelo qual não poderíamos listar em um só lugar todas as variações, pois tal feito é impossível.

Podemos distinguir duas vertentes distintas da Bruxaria: a Bruxaria Tradicional e a Bruxaria Moderna. O nascimento da Bruxaria Moderna se deu na década de 1950, através de um bruxo inglês chamado Gerald Gardner. Ele foi o criador da Wicca e a mostrou para o mundo. A Wicca foi a proposta de Gardner para o reavivamento da Bruxaria. Praticamente tudo o que se lê hoje sobre Bruxaria é, na verdade, o testamento wiccan que Gardner deixou para a humanidade. O que veio antes é chamado de Bruxaria Tradicional.


O que acontece é que, a partir da Wicca, a ideia de Bruxaria foi se popularizando, especialmente porque as pessoas viam nela uma forma de religiosidade totalmente diferente das religiões convencionais.
http://bruxaria.net/2004/06/22/bruxaria/



O Martelo das Bruxas ou O Martelo das Feiticeiras (título original em latim: Malleus Maleficarum) é uma espécie de manual de diagnóstico para bruxas, publicado em 1487, dividindo-se em três partes:
a primeira ensinava os juízes a reconhecerem as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes;
a segunda expunha todos os tipos de malefícios, classificando-os e explicando-os; e a terceira regrava as formalidades para agir “legalmente” contra as bruxas, demonstrando como inquiri-las e condená-las.

O “Martelo das Feiticeiras”, é provavelmente o tratado mais importante que foi publicado no contexto da perseguição da bruxaria do Renascimento. Trata-se de um exaustivo manual sobre a caça às bruxas, publicado primeiramente na Alemanha em 1487, e que logo recebeu dezenas de novas edições por toda a Europa, provocando um profundo impacto nos juízos contra as bruxas no continente por cerca de 200 anos. A obra é notória por seu uso no período de histeria da caça às bruxas, que alcançou sua máxima expressão entre o início do século XVI e meados do século XVII.
O Malleus Maleficarum foi compilado e escrito por dois inquisidores dominicanos, Heinrich Kraemer e James Sprenger.
Os autores fundamentavam as premissas do livro com base na bula Summis desiderantes, emitida pelo Papa Inocêncio VIII em 5 de dezembro de 1484, o principal documento papal sobre a bruxaria. Nela, Sprenger e Kramer são nomeados (Iacobus Sprenger e Henrici Institoris) para combater a bruxaria no norte da Alemanha, com poderes especiais.
Kramer e Sprenger apresentaram o Malleus Maleficarum à Faculdade de Teologia da Universidade de Colônia (Alemanha), em 9 de maio de 1487, esperando que fosse aprovado.

Entretanto, o clero da Universidade o condenou, declarando-o tanto ilegal como antiético. Kramer, porém, inseriu uma falsa nota de apoio da Universidade em posteriores edições impressas do livro. A data de 1487 é geralmente aceita como a data de publicação, ainda que edições mais antigas da obra tenham sido produzidas em 1485 ou 1486. A Igreja Católica proibiu o livro pouco depois da publicação, colocando-o na Lista de Obras Proibidas (Index Librorum Prohibitorum). Apesar disso, entre os anos de 1487 e 1520, a obra foi publicada 13 vezes. Entre 1574 e a edição de Lyon de 1669, o Malleus recebeu um total de 16 novas reimpressões.

A suposta aprovação inserida no início do livro contribuiu para sua popularidade, dando-lhe a impressão de que havia recebido um respaldo oficial. O texto chegou a ser tão popular que vendeu mais cópias que qualquer outra obra, à exceção da Bíblia, até a publicação d'El Progreso del Peregrino, de John Bunyan, em 1678.

Os efeitos do Malleus Maleficarum se espalharam muito além das fronteiras da Alemanha, provocando grande impacto na França e Itália, e, em grau menor, na Inglaterra.

Embora a crença popular consagrasse o Malleus Maleficarum como o clássico texto católico romano, no que cabia à bruxaria, a obra nunca foi oficialmente usada pela Igreja Católica.
Kramer foi condenado pela Inquisição em 1490, e sua demonologia considerada não acorde com a doutrina católica . Porém, seu livro continuou sendo publicado, sendo usado também por protestantes em alguns de seus julgamentos contra as bruxas.

No Brasil foi publicado pela editora Três em 1976 com o título "MANUAL DA CAÇA ÀS BRUXAS (Malleus Maleficarum)" e posteriormente pela editora Rosa dos Tempos com o título "O Martelo das Feiticeiras".

Em sua introdução, é exposta uma linha de transformações acerca das crenças míticas-religiosas que foram se sobrepondo a partir dos tempos. A relação dessas concepções e de crenças tem vinculo intimo com o papel que a mulher vem representando em toda a História da humanidade.

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