Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem basicamente 4 famílias principais:
JI-VODUN
Na mitologia fon são os voduns do alto, muito respeitados no panteão vodun por estarem ligados ao ciclo das chuvas que possibilitam as colheitas, e é uma grande família cujo chefe é simplesmente chamado de Sô.
Sô é filho de Aguê e Mawu e teve como parceira sua irmã gêmea Agbê, da qual nasceram os Sovi (filhos do fogo), os masculinos Heviossô, Aklonbé, Adjakatá, Gbadé, etc. e os femininos Sinmenu-Sogbô, Naeté, Aden, Keli, Gbewessú, etc., e a caçula mimada Avlekete. Todos eles representam aspectos da tempestade, produto do turbulento acasalamento concreto entre o fogo e a água.
Pela ligação com as chuvas, os Ji-voduns participam do ciclo das águas e agrupam também ao redor de si os inúmeros voduns ligados a este elemento, entre os quais o principal e já mencionado Agbê, que é o chefe dos Tó-vodun, os voduns das águas (não confundir com Tô-vodun, ou vodun regional). Lissá, o camaleão que puxa os astros no céu com a corda transparente que sai de sua cloaca é também considerado um Ji-vodun.
AYI-VODUN
Os Ayi-vodun são os voduns da terra, considerados de extrema importância na mitologia fon por controlarem a fertilidade da terra, as doenças e a duração da vida, enfim, a própria morte. O chefe dos Ayi-vodun é o vodun Sakpatá o Rei do Mundo, senhor da terra e da varíola. A família deste vodun é numerosa e seu culto bastante disseminado entre os Ewe-fon, da mesma forma que o culto de Ayizan, também pertencente ao segmento dos Ayi-vodun, como também Dan e Dangbê. Aparentemente, os Ayi-vodun são os que tem mais iniciados dentro do culto vodun.
TÔ VODUN
Existem duas definições para Tô-vodun. Tanto podem ser um vodun cultuado por todos os habitantes de uma localidade, como sendo emblemático daquela localidade, independente dos laços familiares e tribais entre os habitantes; como também podem ser voduns cultuados por praticamente todos os adeptos da religião Fon. Neste caso, Legba, Fa, Gu, e talvez Agué, são tô-voduns. Algumas vezes essa atribuição pode ser estendida a voduns populares como Sakpatá, Dan, Lissá e Heviossô.
Não se deve confundir Tô-vodun com Tó-vodun, ou voduns das águas, como Agbê, Sinmenu-Sogbô, Naeté, Avlekete, os Tohossu, etc.
HENU-VODUN
Os Henu-vodun são, segundo o Candomblé Jeje, voduns ligados a linhagens familiares particulares, das quais são considerados ancestrais míticos ou verdadeiros, chefiados por um tóhwyó, ou "patriarca".
Quase todo Henu-vodun é também um hunvé, e sua iniciação pode ser acompanhada de peregrinações aos locais onde a tradição aponta como sendo onde o vodun passou em vida, aos hunkpame e santuários que quase invariavelmente existem nestes locais. A quantidade de voduns desta categoria são muitos, mas cada um possui um número límitado de cultuadores e iniciados, que se limitam aos membros da linhagem. Os nènsuhwe, voduns da linhagem real de Abomei, são uma sub-categoria especial de Henu-vodun.
Pelo seu caráter muito especial, são poucos os Henu-vodun que chegaram à Diáspora. Na Casa das Minas em São Luís do Maranhão, se preservou o culto de vários nènsuhwe, e provavelmente o de Bosíkpón (Bossucó?), um atinmé-vodun tóhwyó da tribo dos ananuvi e dos akosuvi.
No Brasil os voduns são cultuados nos terreiros de Candomblé, sobretudo nos da Nação Jêje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vodum