terça-feira, 30 de novembro de 2010

A RELIGIÃO E A MAGIA VODUM

Vodun ou Vodoun (ortografia Beninense; Vodun / Vodum no Brasil; Vodou, Vaudou ou outras ortografias foneticamente equivalentes no Haiti; Vodu ou Vudu. Em português aplica-se aos ramos de uma tradição religiosa teísta-animista baseada nos ancestrais, que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon da África Ocidental, no país hoje chamado Benin, anteriormente Reino do Daomé, onde o vodun é hoje em dia a religião nacional de mais de 7 milhões de pessoas. Além da tradição fon, ou do Daomé, que permaneceu na África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no Novo Mundo durante a época do tráfico transatlântico

Vodun da África Ocidental é chamado Vodun ou Vudun (assim escritas na língua fon do Benin e da Nigéria e na língua ewe do Togo e Gana; também escritas Vodon, Vodoun, Voudou, etc) é uma religião monoteísta tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana. É distinta das não-organizadas religiões animistas tradicionais, do interior desses mesmos países, bem como de diversas religiões muitas vezes com nomes semelhantes da diáspora africana no Novo Mundo, como o Vodou Haitiano, e semelhante ao Vudu da República Dominicana, Candomblé Jeje no Brasil (que utiliza o termo Vodum), Voodoo da Louisiana, e Santería em Cuba, que são sincretizadas com o Cristianismo e as Religiões tradicionais africanas do povo Congo, do rio Congo e de Angola.

Quando a palavra é maiúscula, Vodun, denota a religião. Quando não é, vodun, denota os espíritos que são centrais para a religião. "Voodoo" é o mais comum na ortografia da cultura popular americana.

Vodun é praticado pelos Ewe, Kabye, Mina, Fon, e (com um nome diferente) os povos Yorubas do sudeste do Gana, meridional e central Togo, meridional e central Benin, e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ - ou seja, com um u nasal em um tom alto) é o Gbe (Ewe-Fon) para a palavra espírito.

Voduns
Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon, que criou a terra e os seres vivos e engendrou os voduns, divindades que a (Mawu é do gênero feminino) secundariam no comando do Universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também co-responsável pela Criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital).

Loko, É o primogênito dos voduns. Representado pela árvore sagrada Ficus idolatrica ou Ficus doliaria (gameleira branca).
Gu, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
Heviossô, Vodun que comanda os raios e relâmpagos.
Sakpatá, Vodun da varíola.
Dan, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
Agué, Vodun da caça e protetor das florestas.
Agbê, Vodun dono dos mares.
Ayizan, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
Agassu, Vodun que representa a linhagem real do Reino do Daomé.
Aguê, Vodun que representa a terra firme.
Legba, O caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e a sexualidade.
Fa , Vodun da adivinhação e do destino.
Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem basicamente 4 famílias principais:

Os Ji-vodun , ou "voduns do alto", chefiados por Sô (forma basilar de Heviossô).
Os Ayi-vodun , que são os voduns da terra, chefiados por Sakpatá.
Os Tô-vodun , que são voduns próprios de uma determinada localidade (variados).
Os Henu-vodun , que são voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus descendentes (variados).
No Brasil os voduns são cultuados nos terreiros de Candomblé, sobretudo nos da Nação Jêje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.

Ritual
Voduns não usam roupas luxuosas não gostam de roupas de festa e geralmente preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os Voduns estão sempre de olhos abertos e salvo algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura.

Iniciação
A iniciação ao culto dos voduns é complexa é longa e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame, que podem chegar a durar um ano, onde os neófitos são submetido a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.

Hierarquia
Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa equivalente ao Babalawo
Doté Sacerdotes (homens) da família de Sogbo e Doné Sacerdotisas (mulheres), esse título é usado no Terreiro do Bogum onde também são usados os títulos Gaiaku e Mejitó. similar à Iyalorixá.
Noche - Sacerdotisas do Jeje-Mina
Vodunsi - após 1 ano da iniciação.
Kajekaji - iniciado que ainda não completou o ciclo de obrigações.
É importante notar que a palavra Voodoo é a mais comum, conhecida e usada na cultura popular americana, e é vista como ofensiva pelas comunidades praticantes da Diáspora africana. Entretanto, as soletrações diferentes deste termo podem ser explicadas como segue:

A palavra Voodoo é usada para descrever a tradição Creole de New Orleans, Vodou é usado para descrever a Tradição Vodou Haitiana.

Voodoo da Louisiana , também conhecido como New Orleans Voodoo é uma religião da Diáspora africana, uma forma de (Voodoo) espiritualidade que historicamente foram desenvolvidas falando na língua francesa e Creole pela população Afro-americana do estado de Louisiana nos Estados Unidos.

Vodou haitiano, chamado de Sèvis Gine ou "serviço africano" no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Igbo, Congo da África Central, e o Yoruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou "nações" da África têm representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios Taíno, os povos originais das ilhas agora conhecidas como Hispaniola. Formas crioulas de Vodou existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como Santería) em Cuba, Candomblé e Umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.

Obeah é uma forma de religião ou culto de ancestrais africanos praticado na Jamaica, Voduns.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vodum

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LIVRO E O BARALHO WICCA, O: ACOMPANHA UM JOGO DE 42 CARTAS

MAGIA DAS VELAS, A: DA MANUFATURA AOS RITUAIS SAGRADOS DE WICCA

WICCA, A RELIGIAO DOS BRUXOS

BRUXA TA SOLTA!, A: FEITIÇOS, MAGIAS, POS E POÇOES PARA BRUXOS MODERNO

LIVROS SOBRE FEITIÇOS

Receitas de feitiços e encantos afro-brasileiros Por Nívio Ramos Sales

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Plantas que curam e cortam feitiços

Livro das feiticeiras Por MIRANDE ARROYOS DE SAN THIAGO


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SAO CIPRIANO - CAPA AÇO: O BRUXO Por CIPRIANO

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Cuidado com O Que VocÊ Pede Nas Suas OraÇÕes Por LARRY DOSSEY

COMO AGARRAR O SEU AMOR PELA MAGIA Por Maria Helena Farelli

Clavícula de Salomão Por Irene Liber

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

VODUNS: LOKO

Também chamado de Atinmé-vodun (o vodun dentro da árvore), representa o primeiro ser sagrado do mundo, por isso considerado o primogênito de Mawu e Lissá, muito embora Sakpatá seja muitas vezes reconhecido com esta atribuição. Loko é cultuado em toda parte, tanto pode ser um Ji-vodun, como um Ayi-vodun, assim como também Tô-vodun e Henu-vodun. Os vodunsis de Loko que são chamados de Lokosi em muitos casos têm os cabelos raspados apenas na metade esquerda do crânio, e levam nas costas a atchina.

Os Atinmé-vodun podem habitar diferentes espécies de árvores, mas suas favoritas são mesmo o lokotin (Ficus doliaria, a gameleira, no Brasil; Chlorophora excelsa, na África) e o huntin (Ceiba petandra, conhecida no Brasil como sumaúma de várzea), mas pode também eleger outras como o detin (Elaeis guineensis, o dendezeiro), o kpentin (Carica papaya, o mamoeiro), etc.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gu

terça-feira, 23 de novembro de 2010

GIFS FEITIÇOS


http://www.loogix.com/images/8299928

PERFUME AFRODISÍACO EM PASTA

Deve ser feito no primeiro dia da lua cheia.

80g de cera de abelha
30g de manteiga de cacau
150ml de óleo vegetal de amendoas
5ml de óleo essencial (verdadeiro, não serve essência) de Ylang Ylang
10ml de essência (não precisa ser óleo essencial) de erva doce


Bastão de vidro
panela esmaltada

Dissolva (em banho-maria) a manteiga e a cera, mexendo com o bastão. Retire a mistura do fogo assim que estiver 100% derretida.

Mexa por uns dois minutos  e logo junte o óleo, o óleo essencial e a essência.
Coloque em latinhas com tampa ou em potinhos de vidro com tampa.
Os recipientes devem ser comprados em lojas de embalagens ou em lojas de artigos para perfume.
Devem ser os menores possível para que você possa levar sempre consigo.
Pode dar alguns de presente.

Use antes de encontros romanticos ou quando quiser marcar sua presença.

FEITIÇO PARA A PROSPERIDADE


Invocação deusa LAKSHMI (DEUSA HINDU DA RIQUEZA)

Material
8 potinhos (barro, madeira, vidro ou papelão)
8 velas amarelas
8 moedas douradas
8 ovos
8 folhas de louro
canela em pó
açúcar
azeite de oliva

Em cada potinho, coloque na sequência:

POÇÕES DE PROTEÇÃO PARA SUA CASA

Após fazer uma faxina em sua casa e eliminar toda a sujeira física;
Procure organizá-la ao máximo.

Existem muitas poções para o uso em ambientes com muitas funções diferentes.

POÇÃO DE DESCARREGO 1:
Para uso imediato:

3 litros de água fervida, desligue e adicione: 7 galhos de arruda, 3 dentes de alho, 7 colheres de sopa de sal grosso.
Deixe tampado de 1 a 2 horas, coe e use.
Coloque em um borrifador de molhar plantas (TEM QUE SER NOVO E SÓ PODE SER USADO PARA ESSE FIM)
Espirre em todos os cantos, nos centros dos ambientes, nas janelas, nas portas, nas paredes de sua casa de dentro para fora.
Na(s) portas de entrada, portão, garagem, etc.
Se sua cas for grande, dobre ou triplique  receita.
Pode também usar a poção para passar nos móveis e chão da casa.
Pode fazer em qualquer lua, de preferência na minguante.

Fonte Caldeião de Feitiços
Walquíria.

PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS

As crianças são muito sensíveis e precisam de cuidados especiais energéticos e espirituais.
Cuide de suas crianças, de atenção, repare nos detalhes, leve ao médico com a frequência necessária, peque pelo excesso e não pelo descuido.
Sempre que achar necessário, faça o procedimento abaixo.


BANHOS DE PROTEÇÃO ÀS CRIANÇAS

Aqueça 2 litros de água, desligue e adicione:

3 colheres de sopa de erva doce

1 colher de sopa de alecrim

1colher de sopa  de água benta (algumas igrejas fornecem pronta, se não peça a um padre para benzer)

Deixe no mínimo por 1 hora e no máximo 2 horas. Coe e use após o banho de higiene, aos pouquinhos no corpinho da criança do pescoço para baixo. Não retorne a enxaguar.
Enquanto esperara o tempo de ação das ervas, imponha suas mãos sobre a água e magntize-a com orações aos santos de sua devoção, pedindo luz, purificação e proteção à criança. Quando estiver banhando a criança, reforce as orações.
Após terminado, visualize um círculo de luz azul celeste brilhante envolvendo a criança.
O que você pensa, você cria e plasma na matéria astral e mesmo que não possa ver, existe de fato em energia.
Faça a criação e visualização do círculo protetor em volta de suas crianças todos os dias.

FEITIÇO PARA ACALMAR

Para acalmar uma pessoa que esteja muito alterada e com raiva.
Se o desequilíbrio dessa pessoa é patológico (alcoolismo, drogas, psicoses) ou ainda espiritual (vítima de feitiços ou obsessores) há necessidade de tratameto complexo e adequado à cada caso, pois essa magia será paleativa. Se funcionar, será por pouco tempo.


Materiais
1 colher de sopa de erva doce
1 colher de sopa de valeriana
1 colher de sopa de mulungu
1 colher de sopa de erva de São João
1 colher de sopa de alecrim
1 colher de sopa de cidreira
1 colher de sopa de camomila
2 copos de água MINERAL

Leve a água em uma panela e quando estiver quente, adcione, um a um dos ingredientes, pedindo paz para a pessoa.
Deixe cozinhar em fogo baixo por 3 minutos.
Enquanto está cozinhando, imponha as suas mãos sobre a panela e faça as orações que mais gosta, a de São Francisco de Assis é muito boa.

Desligue o fogo, coe e coloque o líquido em uma taça ou copo com o nome da pessoa dentro.
Acenda 1 vela ( que dure 5 horas ou mais ) branca para o anjo guardião dessa pessoa e peça que através de sua intenção em relação essa pessoa, que ele ancore junto à ela e a acalme, trazendo-a novamente para a luz.

Essa magia só deve ser feita se você quer realmente o bem dessa pessoa, pois trabalha com as forças elevadas de cura, que necessitam de fluidos benéficos para opoerar, pois você será "o meio" que irá fornecer os fluidos necessários ao trabalho do anjo guardião.

Pode repetí-la quantas vezes for necessário. É forte e funciona muito bem.

Antes de iniciar essa magia, acenda 1 vela para o seu anjo guardião, faça orações e peça as forças de luz dos anjos guardiões que estejam presentes, que a protejam e à pessoa que deseja ajudar.

Fonte CALDEIRÃO DE FEITIÇOS
Walquíria

MAGIA PARA AFASTAR PESSOAS DE SEU CASAMENTO OU NAMORO

Muitos relacionamentos promissores acabam por influencias de pessoas que não desejam a continuidade do mesmo.
Mas as vezes isso não ocorre por maldade, quando estamos apaixonados não vemos com racionalidade o caráter da pessoa. E nossos pais e amigos, que estão de fora, percebem o que não vemos na frente de nosso naríz. Ou seja essas pessoas querem o melhor para nós e não são más ou invejosas.
Nesse caso, a magia abaixo não se aplica e sim um outro tipo.
Portanto se o afastamento vem de familiares e amigos queridos, não há necessidade de fazer esse feitiço.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

TRAZER SEU AMOR DE VOLTA

Quando estamos completamente apaixonados a razão e seus argumentos não fazem o menor sentido. Ficamos obcecados e o foco de nossos pensamentos, sentimentos e ações é quase que exclusivamente o objeto de nossa devoção ou em alguns casos, de nossa adoração.
Leia os passos, prepare -se com atencedência. Programe dia adequado: lua somente a cheia.
Tome um banho de ervas 1 dia ou 2 antes: pétalas de rosa branca, 1 galho de arruda e 1 dente de alho)
Acenda 1 vela de 7 dias para o seu anjo da guarda, 1 ou 2 dias antes.
Peça harmonia, proteção, orientação e força.

domingo, 21 de novembro de 2010

MITOLOGIA VODUN: MAWU E LISSÀ

Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe-Fon, que criou a terra e os seres vivos e engendrou os voduns, divindades que a (Mawu é do gênero feminino) secundariam no comando do Universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também co-responsável pela Criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital), Sé-medô (Princípio da Existência) e Gbé-dotó (Criador da Vida). Mawu representa o Leste, a noite , a Lua, a terra e o subterrâneo.
Em seu primeiro parto, Dadá Segbô gerou os gêmeos Sakpatá: Da Zodji e Nyohwe Ananu. Depois gerou Sô, que era macho e fêmea ao mesmo tempo, como seu progenitor. No seu terceiro parto Dadá Segbô gerou o casal de gêmeos Agbê e Naeté. Na sua quarta concepção veio Agué e na quinta veio Gu, que eram machos. Na sexta veio simplesmente Djó, a atmosfera, que não tinha gênero definido e em sétimo veio seu caçula Legba.
Depois de criar Ayìkúngban, o Mundo, Mawu, deu seu domínio aos gêmeos Sakpatá. Sô, por ser muito parecido com seu genitor, permaneceu no Céu, governando os elementos e o clima. A Agbê e Naeté foi concedido o domínio de Hu, o mar, que refresca a terra. Agué foi encarregado das plantas e dos animais que habitam a terra e a Gu, que tinha o corpo feito de pedra e uma lâmina no lugar da cabeça, foi concedida a habilidade de auxiliar os homens a dominar o mundo criado e garantir seu sucesso e felicidade em suas cidades, artefatos e tecnologias. Djó foi responsável por separar o Céu da Terra e dar trajes de invisibilidade a seus irmãos. O caçula mimado Legba permaneceu junto de Mawu, acocorado a seus pés. A cada vodun filho seu, Mawu ensinou uma língua diferente, que deveria ser usada em seus próprios domínios e Djó ficou encarregado de ensinar a linguagem dos homens, mas todos se esqueceram como falar a linguagem de Mawu, com exceção de Legba, que nunca se separou de seu genitor. Assim, todos os voduns e toda a humanidade teria que recorrer a Legba para se comunicar com Mawu. Legba passou assim, a estar em toda parte, para levar e trazer mensagens dos seres criados ao seu Criador.
Dan Ayìdo Hwedo, que havia auxiliado Mawu na criação no Mundo, não suportava o calor do sol e foi concedido que ele fosse morar no mar para se refrescar, circundando a terra, enquanto era alimentado com barras de ferro por macacos vermelhos enviados por Mawu, para evitar que mordesse a própria cauda e destruísse toda a Criação.
Na iconografia, Mawu é representada como uma anciã, trajada apenas de um pano cingindo-lhe a cintura, caminhando apoiada num cajado na mão direita e levando um bastão encimado por uma lua crescente com as pontas para cima, na mão esquerda.
O nome de Mawu foi utilizado para denominar o Deus Único dos judeus, cristãos e muçulmanos nas línguas ewe-fon, mas dentro de culto dos voduns, Mawu possui seus próprios conventos pelo sul do Benin e do Togo, com culto organizado, sacerdotes, iniciados, etc., como qualquer outro vodun. Lissá está também ali presente, assim como o "problemático" Aguê. Os mawunon (sacerdotes de Mawu), apesar da aparente importância da divindade que cultuam, não têm nenhuma ascendência especial sobre os sacerdotes de outros voduns. Suas cores emblemáticas são o branco, o azul e o vermelho.


Lissá ou Segbo-Lisa in Benin, ao lado de Mawu, é o vodun da Criação, pai e ancestral de todos os demais voduns, mas a tradição o coloca sempre em segundo plano em relação à Mawu. Lissá representa o Oeste, o Sol, o firmamento - assim como a luz e as águas contidas ali. É simbolizado por um camaleão que traz o globo dourado do Sol na boca.
Enquanto Mawu representa o frescor e os prazeres da vida, Lissá encarna o trabalho, a seriedade e a determinação, semelhante a dualidade freudiana entre eros, o princípio do prazer , e tanatos, a pulsão da morte.
A cor emblemática de Lissá é o branco, e seus vodunsis devem andar sempre de branco. Ele recebe oferendas e sacrifícios de alimentos e animais de cor branca. Diferente de Mawu que se relaciona igualmente a todas as famílias de voduns, Lissá é considerado um Ji-vodun, e a tradição conta que ele é de origem nagô (iorubá), e seus vodunsis ao final da iniciação são denominados anagonu.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Mawu

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

REPRESENTAÇÕES DOS LOAS


 Manman Brigitte é a mãe dos cemitérios, a loa do dinheiro e da morte, a esposa do Baron Samedi.


Papa Legba  mensageiro do destino pessoal.
Todas as cerimônias começam e terminam com Papa Legba



Baron Samedi é o cabeça da família de ancestrais loa,


Ogun, Loa Patrono da Guerra do Fogo, e os desempregados


Loa Erzulie
http://www.squidoo.com/voodooveves

BONECOS TRADICIONAIS DE VODU










AS BONECAS USADAS NO VODU

Luiz A. Wormhoudt

O Vodu é uma religião oriunda da África, da região dos Yorubás e chegou ao Haiti, levado por escravos, em 1571.  É uma religião politeísta e seus deuses são chamados "AS LOAS", no feminino. Como no monoteísmo, existe uma entidade suprema e todos os demais deuses estão abaixo dela, mas nunca se reza ou se pede alguma graça a essa entidade suprema, pois ela está além de nossa capacidade humana e certamente não dispõe de tempo a perder com as atividades dos mortais. O contato com o divino é feito através das loas. Muitos foram humanos e elevados a um nível superior para servirem a determinados propósitos. Em função de sua origem humana eles têm emoções e necessidades e precisam ser mimados como crianças para estarem quietos e felizes.
Como a maioria das religiões ancestrais, suas crenças eram fundamentalmente animistas, cultuando as entidades representativas das forças da natureza, os espíritos dos mortos e alguns animais e plantas. Por isso foi considerada uma manifestação pagã, e o voduismo se tornou proibido.
Sem outra opção, uma parte dos seguidores do Vodu, os da chamada parte branca, se fizeram "cristãos  e por traz das imagens do cristianismo, faziam oferendas às suas Loas (Deuses).
Os da chamada parte negra do Vodu (correspondente à Quimbanda no Candomblé), foram perseguidos e tiveram que se manter escondidos, com cerimônias secretas e com sua cultura religiosa sendo passada de pai para filho.
Vodu é uma corruptela da palavra "Vaudoux", dada a um deus serpente com poderes de oráculo.
A maioria dos termos Vodu é em "Criolo", do idioma Haitiano, que combina o francês com o espanhol e o africano.
Atualmente já existem algumas influencias do "Patois", que é o criolo de Nova Orleans


As Bonecas Vudu


As bonecas Vodu variam de acordo com a tribo que as confecciona. Não possuem um tamanho específico e podem ser feitas de diversos materiais, como: tecido, cera, madeira, argila, etc. São construídas com um propósito determinado e precisam de um testemunho do que representam.

Abaixo algumas bonecas de trabalho e de proteção:

bonecafertilidade

Este tipo de boneca, com roupas longas e festivas, é utilizada para trabalhar os problemas de fertilidade da mulher ou para induzir no casal o desejo de terem filhos.


bonecoancestral

Boneca utilizada para evocação de proteção ancestral.


bonecareiki

Esta boneca mostra o trabalho do Vudu utilizando-se de outras técnicas de cura. Esta é uma boneca preparada para trabalhar com Reiki.


bonecapromiscuidade

Boneca utilizada para aquietar mulheres muito rebeldes ou promíscuas.


bonecodominio

Este boneco é utilizado para as mulheres terem o domínio sobre o homem ou para aquietar homens rebeldes ou promíscuos.


bonecaentidade

Boneca representativa de entidades, utilizada para proteção e para evocações diversas.

VODU E A EXPERIÊNCIA DA HISTÓRIA

por João Alexandre Peschanski

Em torno de uma cruz, Paoussi Dansi Zoulon dança. Seus gestos, frenéticos, são a luta pelo controle de seu corpo. Debate-se. Pula. Grita. A fogueira, a um metro, ilumina seu rosto. Percussões, em ritmo alucinante. No chão, as trêmulas sombras multiplicam o desvario mágico de Zoulon. De repente, a silhueta se imobiliza.

Não fala mais o homem, mas Papa Gede, o espírito da morte e ressurreição.

As dezenas de camponeses que assistem à metamorfose, em Belle Fontaine, no Oeste do Haiti, tiram de seus bolsos, casacos e sacolas, uma oferenda. Um ovo. Esperam assim alcançar paz e serenidade. Colocam-nos aos pés de Papa Gede. O corpo, até então parado, ao lado das chamas, se mexe. Lentamente. Cuidadosamente. Fala. E todos ouvem.

Belle Fontaine é uma das regiões mais pobres do Haiti. Sua população camponesa não consegue plantar, pois falta chuva. A estiagem já dura dez meses. Os rios secaram. O governo, por meio do Ministério da Agricultura, promete investir na captação e conservação de água. O anúncio foi noticiado pelo jornal haitiano Le Nouvelliste, em outubro de 2004. Até agora, nenhum funcionário foi deslocado para a região.

“Bondye me envia”. É o Deus do vodu, principal religião haitiana. Pergunta: “O que têm feito de seus mortos? Abandonaram-nos?”Os voduístas devem honrar, sempre, seus antepassados. Pensar neles. Senão, eles voltam para o mundo dos vivos e podem ser perigosos, gerando doenças e tragédias.

“Lembrem-se que os espíritos espreitam. Lembrem-se de Legba. Lembrem-se de Lamour Dérance”. Os personagens evocados são, respectivamente, o espírito da noite, considerado o guardião dos mundos, fonte de equilíbrio para os vivos; e um dos heróis da luta pela independência do Haiti, conquistada dos franceses em 1804.

Conhecimiento
Os sèvitê, como são conhecidos os adeptos do vodu, ouvem de Papa Gede a história dos marronages, as revoltas de escravos durante o período colonial. Eram lideradas por Dérance. “Lembrem-se dos feitos de nossos antepassados. Tinham o conhecimento. Da vida, dos invisíveis e faziam o avon (chamado dos espíritos). Estes vinham, pois a luta era boa, a luta era justa. Os invisíveis vieram e deram a vitória. Vieram felizes, vieram mal e bem. Veio até Agw”, conta Papa Gede, referindo-se ao senhor dos mares.

Como 80% da população haitiana, os camponeses de Belle Fontaine são analfabetos. O único contato que têm com a história de seu país é pelas cerimônias vodus. Nelas, o relato dos acontecimentos do passado se mistura com a crença, pois, de acordo com a religião, tudo o que ocorre no mundo dos vivos é controlado e determinado pelos espíritos. Assim, Dérance ultrapassa sua posição de houngan (homem, em crioulo) e se confunde com os espíritos.

Nos marronages, os escravos que fugiam das grandes fazendas organizavam comunidades autônomas. Plantavam o que comiam. Viviam de acordo com as crenças que traziam da África, onde nasce o vodu. Aqueles escravos, organizados, foram a base da luta que expulsou os colonizadores franceses do Haiti.

O ritual do Sèvis
O vodu, seguido pela maioria dos 7,66 milhões de haitianos, era proibido até 1993. Diziam as autoridades que a religião era violenta, pois se fundamentava no sacrifício de animais, e pregava o fanatismo, estimulando a criação de seitas.

“Na verdade, a religião é um meio para pensar e entender a liberdade. Também desafia todo o conhecimento que vem do estrangeiro. O vodu se fundamenta na cura. Com ervas e a ajuda dos espíritos, podemos curar nossos males, e não precisamos dos remédios que vêm de fora. Não precisamos da cultura que vem de fora”, afirmou o líder religioso Zoulon, antes de ser possuído por Papa Gede.

Na cerimônia, em Belle Fontaine, os houngan e as mambo (mulheres) se levantam, após a fala inicial do espírito. Preparam um sèvis, rito característico do vodu. Recomeçam os tambores. Delirantes. Os camponeses dançam, gesticulam, pulam. No meio da cena, Papa Gede ri. Os corpos, pouco a pouco, seguem a metamorfose de Zoulon. Deixam ser das pessoas para ser dos espíritos.

Um dos camponeses, agora espírito, pega um cabrito. Nos sèvis, faz-se o sacrifício de um animal, como símbolo da libertação da experiência da vida. É uma oferenda para os espíritos, cansados de governar o universo, para que se revigorem. Um jovem passa por um lave tet (quando alguém é possuído pela primeira vez). Deixa-se levar pelas percussões. Em um altar, de madeira e palha, Papa Gede sacrifica o animal. Minutos depois, enquanto se dissipa a noite, Zoulon volta a si. Não se lembra do que aconteceu.


http://www.voltairenet.org/article124355.html

INICIAÇÃO AO VODU



Vodu é uma tradição espiritual originada no Haiti durante o período de escravidão colonial francesa. Africanos de muitas linhagens étnicas foram transportados à força para o Haiti, para servirem principalmente como escravos agricultores. Os povos nativos das ilhas, os Taino e os Carib, foram exterminados pelos espanhóis durante as primeiras invasões. Durante este período histórico, europeus da França e de outros países, incluindo deportados pro-Stuart da Escócia, radicaram no Haiti. Devido à tantas linhagens estarem representadas, nenhum culto africano poderia satisfazer todos os participantes, pois a reverência aos ancestrais era muito importante. Entretanto, cada nação tomaria sua vez num encontro. Essa alternância de cultos eventualmente evoluiu para a ordem cerimonial da liturgia Vodu. Durante este período formativo é que foram adotadas também entidades européias pré-cristãs, como Brigid, ou Maman Brigitte na tradição vodu. Também houve uma pequena influência das populações restantes de Tainos e Caribs.

Também há sectos no Vodu, assim como em tantas outras religiões. O primeiro e mais amplamente conhecido é o Vodu Ortodoxo. Nesta seita, o Rito Dahomeano tem posição de primazia e as iniciações são conduzidas com base principalmente no modelo dahomeano. Um sacerdote ou sacerdotisa recebe o asson, um chocalho ritual, como símbolo do sacerdócio. Neste rito, um sacerdote é chamado de Houngan, ou às vezes de Gangan; uma sacerdotisa é conhecida como Mambo.

No vodu ortodoxo, as linhas Iorubás também têm certa proeminência. Outras nações ou linhagens que não a Dahomeana são vistas com menor importância, como subtítulos na ordem cerimonial. Este rito é amplamente representado no Haiti, e concentrado em Port Au Prince e no sul do Haiti.

O segundo secto é chamado de Makaya. Neste rito, as iniciações são menos elaboradas e o sacerdote ou sacerdotisa não recebem o asson. Um sacerdote makaya é chamado de Bokor e uma sacerdotisa é às vezes chamada de Mambo, às vezes de sorcière. Os termos bokor e sorcière são pejorativos no vodu ortodoxo e o termo bokor pode também servir para classificar um especialista em magia maléfica não iniciado, também chamado de malfacteur.

Tais indivíduos não são clericais em qualquer seita. A liturgia makaya é menos uniforme de peristilo ( terreiro ) para peristilo do que a do vodu ortodoxo e há uma ênfase maior na magia do que na religião. Este rito está presente em Port Au Prince e é fortemente representado no Vale Artibonite, no Haiti central.

Um terceiro secto é o Rito Kongo. Como o próprio nome já diz, é quase que exclusivamente representante da tradição do Kongo. A iniciação é baseada no modelo kongo; o sacerdote e a sacerdotisa são ambos chamados de Serviteur. No vodu ortodoxo, um(a) serviteur é apenas o iniciado que serve o Loa (deidade do vodu). Este rito está concentrado perto de Gonaives, no centro do Haiti e um grande festival anual dos Kongo é realizado perto em Sucrie, perto de Gonaives.

Todas estas tradições têm pontos em comum :

- Há apenas um Deus, chamado de Gran Met, o Grande Mestre; e também de Bondye, do francês Bon Dieu, o Bom Deus.

- Há entidades menores, chamadas de Loa (singular). Elas são consideradas acessíveis de imediato através do mecanismo de possessão. Tal estado é considerado normal e natural dentro do contexto duma cerimônia vodu e também altamente desejável, havendo entretanto uma certa etiquette para a mesma ocorrer, que será discutida em lições mais avançadas.

- Todos os ritos empregam orações, cânticos, percussão, roupas específicas e danças durante as cerimônias.

http://www.mortesubita.org/cultos-afros/textos-afro-religiosos/a-pratica-vodu

QUEM PODE´PRATICAR VODU?

Há uma série de níveis iniciatórios no vodu ortodoxo, que são atingidos seqüencialmente conforme o indivíduo cresce em conhecimento e permanência na comunidade vodunista. Todos os graus de iniciação estão abertos tanto para os homens como para as mulheres.

Uma pessoa não iniciada que freqüenta as cerimônias, recebe aconselhamento e tratamento medicinal do houngan ou da mambo e toma parte nas atividades do vodu é normalmente chamada de vodunista. Este é um termo geral, assim como cristão ou budista .

Um não iniciado que está associado a um peristilo em particular, freqüenta as cerimônias regularmente e aparenta estar sendo preparado para a iniciação é classificado como hounsi bossale. Hounsi é da linguagem Fon dos Dahome e significa noiva do espírito , embora o termo no Haiti seja utilizado para homens e mulheres. Bossale significa selvagem ou indomado , no sentido de um cavalo selvagem.

O primeiro grau de iniciação confere o título de hounsi kanzo. Kanzo, também do Fon, refere-se ao fogo, e a cerimônia do fogo, também chamada de Kanzo, empresta seu nome a todo o ciclo iniciático. Indivíduos que são kanzo podem ser comparados a batizados numa seita cristã. Numa cerimônia vodu, os hounsi kanzo vestem-se com uma roupagem branca, formam o coro e são prováveis candidatos de possessão pelos loa.

O segundo grau é chamado de si puen, sur point em francês, isto é, no ponto , sobre o ponto . Este termo se refere ao fato de que o iniciado passa por cerimônias no ponto ou apadrinhado por um loa em particular. Essa pessoa é então considerada um houngan ou uma mambo e lhes é permitido o uso do asson, sagrado chocalho emblema do sacerdócio.

Indivíduos que são si puen podem ser comparados a pastores de seitas cristãs. Numa cerimônia eles conduzem orações, cânticos e rituais e são candidatos quase inevitáveis para possessão. Uma vez iniciados como sur point eles podem realizar iniciações de hounsi kanzo e de si puen.

O terceiro e último grau de iniciação é o asogwe. Houngans e mambos asogwe podem ser comparados aos bispos das seitas cristãs, pois podem consagrar outros sacerdotes. Indivíduos que são asogwe podem iniciar outros em kanzo, si puen e em asogwe. Numa cerimônia eles são a autoridade final sobre os procedimentos, a menos que um loa esteja presente e manifesto através do mecanismo de possessão. Eles são também o último recurso quando a presença de um loa específico é requerida. É dito que um asogwe tem o asson , referindo-se à capacidade do asogwe de conferir um outro iniciado com o asson, elevando então o grau deste a asogwe.

Mesmo um houngan ou mambo asogwe deve submeter-se à opinião do houngan ou da mambo que o iniciou, dos que foram iniciados em asogwe antes dele, do houngan ou mambo que iniciou seu iniciador, dos iniciadores deste e por aí vai. Estas relações podem se tornar realmente complexas e há um ponto na cerimônia do vodu ortodoxo onde todos houngans e mambos, sur point e asogwe, participam duma série de gestos e abraços rituais que servem para elucidar e regular estas relações.


LIÇÃO 2

OS ANCESTRAIS

Parte 1 - Os Ancestrais e a Maneira Vodu de Recuperação dos Mortos

Os ancestrais, zanset yo no Creole haitiano, estão sempre com um vodunista. Ele vive, age, respira com a consciência de sua presença. O hino nacional do Haiti começa assim Pelo país e pelos ancestrais, nós andamos unidos...

No interior do Haiti, cada aglutinado familiar tem seu cemitério familiar. As tumbas dos familiares são tão elaboradas quanto possível. Algumas lembram casas nas quais a cripta é subterrânea. As estruturas construídas para as famílias ricas podem até conter pequenas salas de estar, com um retrato do falecido e boas cadeiras. Quando um visitante adentra as terras de uma família para uma visita extensa, a cortesia requer que ele faça uma pequena libação de água nas tumbas para que os ancestrais o recebam bem. Membros da família e convidados podem também, a qualquer momento, fazer uma iluminação . Velas ou fitas de cera de abelha são acesas, colocadas nas tumbas e então uma pequena prece é dita.

Na cidade, a lei requer que se enterre no cemitério da cidade. Novamente, as estruturas podem ser bem elaboradas e grandes cadeados e outros meios de segurança são usados para evitar que violadores de tumbas roubem metais, ossos e outros artigos da pessoa morta.

Os ossos de indivíduos mortos são considerados de grande poder mágiko, especialmente se a pessoa morta fosse um houngan ou uma mambo ou fosse de alguma maneira notável e distinta, para o bem ou para o mal.

Um vodunista é enterrado com uma cerimônia católica romana e uma vigília é feita durante nove dias após a morte. A nona noite é chamada de denye priye, a última prece. Após a última prece, a parte católica do funeral é encerrada.

Em algum ponto, antes ou após a cerimônia católica, a cerimônia de vodu desounin é realizada. Neste rito, as partes componentes da alma e da força de vida da pessoa e o loa primário na cabeça da pessoa são separados e enviados para seus destinos corretos. O desounin de um houngan famoso e altamente respeitado pode ser assistido por centenas de enlutados lamentosos vestidos de robes brancos. É neste momento que o herdeiro de qualquer loa familiar libertado do falecido é normalmente revelado, ficando o indivíduo escolhido brevemente possuído.

Um ano e um dia após a morte do indivíduo pode ser feita a cerimônia mo nan dlo (tirar o morto da água). O espírito da pessoa é chamado através de um vaso com água, que é coada por um lençol branco para um pote de barro limpo chamado govi, onde é ritualisticamente instalado. A voz do morto pode ser ouvida através do govi ou através de uma pessoa brevemente possuída para o propósito. O govi é reverentemente colocado no djevo, ou salão interno do templo.

Algumas vezes o espírito de um ancestral pode retornar por sua própria vontade como um loa Ghede.

http://www.mortesubita.org/cultos-afros/textos-afro-religiosos/a-pratica-vodu

NÍVEIS INICIATÓRIOS DO VODU

Há uma série de níveis iniciatórios no vodu ortodoxo, que são atingidos seqüencialmente conforme o indivíduo cresce em conhecimento e permanência na comunidade vodunista. Todos os graus de iniciação estão abertos tanto para os homens como para as mulheres.

Uma pessoa não iniciada que freqüenta as cerimônias, recebe aconselhamento e tratamento medicinal do houngan ou da mambo e toma parte nas atividades do vodu é normalmente chamada de vodunista. Este é um termo geral, assim como cristão ou budista .

Um não iniciado que está associado a um peristilo em particular, freqüenta as cerimônias regularmente e aparenta estar sendo preparado para a iniciação é classificado como hounsi bossale. Hounsi é da linguagem Fon dos Dahome e significa noiva do espírito , embora o termo no Haiti seja utilizado para homens e mulheres. Bossale significa selvagem ou indomado , no sentido de um cavalo selvagem.

O primeiro grau de iniciação confere o título de hounsi kanzo. Kanzo, também do Fon, refere-se ao fogo, e a cerimônia do fogo, também chamada de Kanzo, empresta seu nome a todo o ciclo iniciático. Indivíduos que são kanzo podem ser comparados a batizados numa seita cristã. Numa cerimônia vodu, os hounsi kanzo vestem-se com uma roupagem branca, formam o coro e são prováveis candidatos de possessão pelos loa.

O segundo grau é chamado de si puen, sur point em francês, isto é, no ponto , sobre o ponto . Este termo se refere ao fato de que o iniciado passa por cerimônias no ponto ou apadrinhado por um loa em particular. Essa pessoa é então considerada um houngan ou uma mambo e lhes é permitido o uso do asson, sagrado chocalho emblema do sacerdócio.

Indivíduos que são si puen podem ser comparados a pastores de seitas cristãs. Numa cerimônia eles conduzem orações, cânticos e rituais e são candidatos quase inevitáveis para possessão. Uma vez iniciados como sur point eles podem realizar iniciações de hounsi kanzo e de si puen.

O terceiro e último grau de iniciação é o asogwe. Houngans e mambos asogwe podem ser comparados aos bispos das seitas cristãs, pois podem consagrar outros sacerdotes. Indivíduos que são asogwe podem iniciar outros em kanzo, si puen e em asogwe. Numa cerimônia eles são a autoridade final sobre os procedimentos, a menos que um loa esteja presente e manifesto através do mecanismo de possessão. Eles são também o último recurso quando a presença de um loa específico é requerida. É dito que um asogwe tem o asson , referindo-se à capacidade do asogwe de conferir um outro iniciado com o asson, elevando então o grau deste a asogwe.

Mesmo um houngan ou mambo asogwe deve submeter-se à opinião do houngan ou da mambo que o iniciou, dos que foram iniciados em asogwe antes dele, do houngan ou mambo que iniciou seu iniciador, dos iniciadores deste e por aí vai. Estas relações podem se tornar realmente complexas e há um ponto na cerimônia do vodu ortodoxo onde todos houngans e mambos, sur point e asogwe, participam duma série de gestos e abraços rituais que servem para elucidar e regular estas relações.


LIÇÃO 2

OS ANCESTRAIS

Parte 1 - Os Ancestrais e a Maneira Vodu de Recuperação dos Mortos

Os ancestrais, zanset yo no Creole haitiano, estão sempre com um vodunista. Ele vive, age, respira com a consciência de sua presença. O hino nacional do Haiti começa assim Pelo país e pelos ancestrais, nós andamos unidos...

No interior do Haiti, cada aglutinado familiar tem seu cemitério familiar. As tumbas dos familiares são tão elaboradas quanto possível. Algumas lembram casas nas quais a cripta é subterrânea. As estruturas construídas para as famílias ricas podem até conter pequenas salas de estar, com um retrato do falecido e boas cadeiras. Quando um visitante adentra as terras de uma família para uma visita extensa, a cortesia requer que ele faça uma pequena libação de água nas tumbas para que os ancestrais o recebam bem. Membros da família e convidados podem também, a qualquer momento, fazer uma iluminação . Velas ou fitas de cera de abelha são acesas, colocadas nas tumbas e então uma pequena prece é dita.

Na cidade, a lei requer que se enterre no cemitério da cidade. Novamente, as estruturas podem ser bem elaboradas e grandes cadeados e outros meios de segurança são usados para evitar que violadores de tumbas roubem metais, ossos e outros artigos da pessoa morta.

Os ossos de indivíduos mortos são considerados de grande poder mágiko, especialmente se a pessoa morta fosse um houngan ou uma mambo ou fosse de alguma maneira notável e distinta, para o bem ou para o mal.

Um vodunista é enterrado com uma cerimônia católica romana e uma vigília é feita durante nove dias após a morte. A nona noite é chamada de denye priye, a última prece. Após a última prece, a parte católica do funeral é encerrada.

Em algum ponto, antes ou após a cerimônia católica, a cerimônia de vodu desounin é realizada. Neste rito, as partes componentes da alma e da força de vida da pessoa e o loa primário na cabeça da pessoa são separados e enviados para seus destinos corretos. O desounin de um houngan famoso e altamente respeitado pode ser assistido por centenas de enlutados lamentosos vestidos de robes brancos. É neste momento que o herdeiro de qualquer loa familiar libertado do falecido é normalmente revelado, ficando o indivíduo escolhido brevemente possuído.

Um ano e um dia após a morte do indivíduo pode ser feita a cerimônia mo nan dlo (tirar o morto da água). O espírito da pessoa é chamado através de um vaso com água, que é coada por um lençol branco para um pote de barro limpo chamado govi, onde é ritualisticamente instalado. A voz do morto pode ser ouvida através do govi ou através de uma pessoa brevemente possuída para o propósito. O govi é reverentemente colocado no djevo, ou salão interno do templo.

Algumas vezes o espírito de um ancestral pode retornar por sua própria vontade como um loa Ghede.

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OS LOAS ANCESTRAIS

BARON - O cabeça da família de ancestrais loa é o Baron (barão). Ele é mestre do cemitério e guardião do conhecimento ancestral. Ele tem vários aspectos incluindo Baron Samedi, Baron Cemetiere, Baron la Croix e Baron Criminel. Em todos seus aspectos ele é um loa masculino com uma voz nasal, carrega um cajado ou baton, usa impropérios livremente e se veste de negro ou púrpura. Ele é considerado o último recurso para mortes causadas por magia, porque mesmo se um feitiço trouxer uma pessoa para perto da morte, se o Baron se recusar a cavar a cova , a pessoa não morre.

Baron, com sua esposa Maman Brigitte, é também responsável por recuperar as almas dos mortos e transformá-las em loa Ghede. Baron pode ser invocado para casos de esterilidade e ele é o juiz divino para o qual as pessoas podem trazer seus pedidos, cantando :

Ó kwa, Ó jibile ! 2x (Ó cruz, Ó júbilo !)
Ou pa we m inosan ? (Não vês que sou inocente ?)

O túmulo do primeiro homem enterrado em qualquer cemitério do Haiti, quer a pessoa em vida participasse do Vodu ou não, é dedicado para o Baron (não Ghede) e uma cruz cerimonial é erigida no ponto. Em terrenos familiares no interior, uma família pode erigir uma cruz para o Baron de sua linhagem e nenhum peristilo é completo sem sua cruz para Baron. Baron pode ser invocado a qualquer momento e ele pode aparecer sem ser chamado, tão poderoso é ele. Ele bebe rum no qual vinte e uma pimentas vermelhas foram pisadas, bebida que mortal algum pode suportar. Suas comidas cerimoniais são café preto, amendoim grelhado e pão. Ele dança extraordinariamente banda improvisada e às vezes coloca seu bastão no meio das pernas, representando assim o falo. Baron é um loa muito masculino.

O Festim dos Ancestrais, Fet Ghede, é considerado o final do velho ano e o começo do novo, tal qual na tradição européia Wicca. Quaisquer débitos com Baron, Maman Brigitte ou Ghede devem ser pagos nesta festa. O Baron Criminel canta para seus devedores :

Bawon Criminel, map travay pou ve de te yo, m pa bezwenn lajan ! 2x
Bawon Criminel, Ó! Lane a bout o, map paret tan yo !

Barão Criminal, estou trabalhando para os vermes da terra (pessoas pobres), eu não preciso de dinheiro ! 2x
Barão Criminal, Ó ! O ano terminou, eu aparecerei para esperá-los (para pagarem-me) !

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MAMAN BRIGITTE

Maman Brigitte, surpreendentemente para um loa de Vodu, é britânica em origem, descende de Brigid/St. Brigit, a deusa tripla celta de poesia, forjaria e cura. Ela deve ter entrado para o Haiti nos corações dos escravos deportados escoceses e irlandeses. Há uma canção que nós cantamos em cerimônias : Maman Brijit, nan anglete de soti de li, Maman Brigitte, ela é da Inglaterra..." (Eu penso que Brigid era escocesa, não inglesa, mas talvez no Haiti a palavra anglete represente todas as Ilhas britânicas.)

Hoje em dia, Maman Brigitte é considerada esposa do Baron, mestre do cemitério e chefe de todos os ancestrais, conhecidos como loa Ghede. O túmulo da primeira mulher enterrada em qualquer cemitério no Haiti é consagrado a Maman Brigitte e lá é erigida a cruz cerimonial dela. Ela, também como o Baron, é invocada para elevar o morto ", significando curar e salvar os que estão no ponto de morte por enfermidade causada por magia. Aqui está uma canção muito famosa sobre Maman Brigitte cantada em cerimônias de Vodu:

Mesye la kwa avanse pou l we yo!
Maman Brigitte malad, li kouche sou do,
Pawol anpil pa leve le mo (morts de les, Fr.)
Mare tet ou, mare vant ou, mare ren ou,
Yo prale we ki jan yap met a jenou.

Cavalheiros da cruz (os antepassados falecidos) avancem para ela vê-los!

Maman Brigitte está doente, ela se deita de costas,
Muita conversa não elevará a morta,
Amarre sua cabeça, amarre sua barriga, amarre seus rins,
Eles verão como eles ajoelharão.

(Significando, arregace as mangas para se preparar , nós faremos para as pessoas que fizeram este feitiço maléfico ajoelharem-se, implorar perdão e receber o castigo delas.)

Maman Brigitte, como o resto da constelação Ghede é um loa boca-dura que usa muitas obscenidades. Ela bebe rum com pimenta, tão quente que uma pessoa não possuída por um loa nunca poderia beber isto. Ela também é conhecida por passar pimentas haitianas quentes na pele dos órgão genitais do cavalo e este é o teste para o qual são sujeitadas as mulheres suspeitas de falsa possessão . Ela dança a banda sexualmente sugestiva e artística e seu virtuosismo na dança é legendário. Maman Brigitte e Baron são a mãe e o pai que recuperam os mortos e os transformam em loa Ghede e os removem das águas místicas onde eles estavam sem conhecimento da própria identidade, nomeando-os. Há uma canção melancólica sobre a condição das almas nas águas místicas que também é cantada quando um iniciado está preparando-se para o período de exclusão, morte ritual e renascimento do ciclo de iniciação:

Dlo kwala manyan, nan peyi sa maman pa konn petit li,
Nan peyi sa, fre pa konn se li, dlo kwala manyan.

Água manyan de kwala (palavras não creole), naquele país uma mãe não conhece a própria criança.

Naquele país um irmão não conhece sua irmã, água manyan de kwala.

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O LOA GHEDE

Os loa Ghede são uma família enorme de loa, tão numerosos e variados como eram as almas das famílias das quais eles se originaram. Desde que eles são todos membros da mesma família, as crianças espirituais de Baron e Maman Brigitte, eles têm todos o mesmo sobrenome - La Croix, a cruz. Não importa outros nomes que eles possam vir a carregar, a assinatura deles sempre é La Croix.

Algum os nomes de Ghede incluem: Ghede Arapice Croix, Brav Ghede de la Croix, Ghede Secretaire de la Croix, Ghede Ti-Charles la Croix, Makaya Moscosso de la Croix; e nomes tristes e degradantes como GhedeTi-Mopyon la de Deye Croix (Ghede Pequeno Piolho de Caranguejo Atrás da Cruz), Ghede Fatra de la Croix (Lixo Ghede da Cruz), Ghede Gwo nan de Zozo CrekTone de la Croix (Ghede Pinto na Buceta Trovão da Cruz) e por aí vai.. Há uma razão para estes nomes estranhos que ficará clara mais à frente.

A vasta maioria de Ghedes é masculina. Ghede pode possuir qualquer um, a qualquer hora, até mesmo os protestantes (para enorme vergonha deles.) No Haiti eu tenho uma amiga que um dia estava observando um grupo de mulheres possuído por Ghede dançando a banda. Ela disse algo como, " Olhe as prostitutas nojentas, elas não têm nenhum respeito por si mesmas . Naquele mesmo lugar, a Ghede possuiu minha amiga, a lançaram ao solo, prostraram-na e declararam que ela iria se juntar aos ancestrais! Súplicas e intercessões dos familiares finalmente pacificaram o Ghede que prometeu ceder - com a condição de que a mulher e tornasse Mambo! Mambo Delireuse agora pratica em uma área rural próximo del'Artibonite de Riviere Delicada, no Haiti central! Os Ghedes são figuras muito transitivas, existindo entre a vida e a morte, entre os antepassados em Guiné e entre os homens e mulheres vivos do Haiti. Talvez é por isto que eles sejam homenageados a meio caminho da plena cerimônia de Vodu ortodoxa, depois do Rada (Dahomean e Iorubá) e antes do Petro.

O Ghedes vestem-se quase como seu pai Baron - roupas negras ou púrpuras, chapéus elaborados, óculos escuros, às vezes sem uma lente, um cajado ou baton. Eles também dançam a banda, mas eles retêm mais da personalidade da pessoa de quem eles se originaram.

A família de Ghede, incluindo o pai e a mãe, o Baron e a Maman Brigitte, são absolutamente notórios no uso de baixarias e termos sexuais. Há uma razão para isto - os Ghede estão mortos, além de qualquer castigo. Nada mais pode ser feito a eles, assim o uso de profanidades normalmente entre os haitianos um pouco formais são um modo de declaração, "Eu não me preocupo! Eu passei além de todo o sofrimento, eu não posso ser ferido ". Num país onde desrespeito para com figuras de autoridade era até recentemente punido com tortura ou morte, esta é uma mensagem poderosa. Porém, esta profanidade nunca é usada de modo maligna ou abusiva, para amaldiçoar alguém. Sempre é humorístico, até mesmo quando há uma forte mensagem envolvida.

Há algumas canções muito imponentes e dignas cantadas para Ghede, particularmente o mais velho, raciais ou aspectos raiz, como Brav Ghede. Hoje em dia, entretanto, a ênfase está no humor sexual e obsceno promovido pelos loa Ghede. Aqui está uma canção popular cantada para Ghede em peristilos de Vodu e em celebrações públicas:

Si koko te gen dan li tap manje mayi griye,
Se paske li pa gen dan ki fe l manje zozo kale!

Se vagina tivesse dentes, comeria milho assado,
É porque não tem nenhum dente que come pênis descascado !

Da mesma maneira, é dito que um ghede é um ladrão. É verdade que ele se apropria do que quiser de vendedores de rua, mas uma vez que este ceda às demandas do loa, este se limita a pegar um pouco de coco ou de milho de assado. Na Fet Ghede, a maioria dos terreiros cozinham especialmente comida para as centenas de Ghedes que aparece vagando pelas ruas. Aqui está uma canção que uma multidão de Ghedes cantou enquanto iam para a casa de uma Mambo famosa e particularmente generosa da área de Port au Prince :

Ting ting ting ting kay Lamesi,
Whoi mama,
Kay la Mesi gen yon kochon griye,
Whoi mama!

Ting ting ting ting a casa de Lamesi
Mamãe de Whoi,
A casa de Lamesi tem uma porca inteira assada,
Mamãe de Whoi!

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CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS LOA

O Vodu é mal entendido freqüentemente como sendo politeísta, sincrético e animista. Estes conceitos errados serão clareados conforme nós discutirmos as características dos loa.

Vodunistas acreditam em um Deus, Gran Met, ou Grande Mestre. Este Deus é todo poderoso, onisciente, mas lamentavelmente ele é considerado algumas vezes distante e destacado de negócios humanos. Ele é não obstante presente na fala diária dos haitianos que nunca dizem "Até amanhã", sem que somem " se Deus quiser ".

Os loa são entidades menores, mas mais prontamente acessíveis. À parte de um amor generalizado para com os descendentes de africanos, os loa requerem uma relação mútua com o adorador. Os loa servem aqueles que os servem. Os Loa têm características bem definidas, incluindo números sagrados, cores, dias, comidas cerimoniais, maneirismos de fala e objetos rituais. Então, um loa pode ser servido usando-se roupas das cores do loa, fazendo oferendas de comidas preferidas e observando os dias sagrados para o loa.

Muitos loa são figuras arquetípicas representadas em muitas culturas. Por exemplo, Erzulie Freda é uma deusa de amor comparável a Vênus, Legba é um loa da comunicação comparável a Hermes ou Mercúrio. Estas correspondências, e às vezes pura coincidência, levou os haitianos a comparar aspectos de loa e imagens de santos católicos como eles eram representados em litografias populares. Durante os dias do colonialismo francês, quando a maioria de pessoas pretas no Haiti eram escravas que haviam nascido na África, a adoração dos santos proveu uma cobertura conveniente para os rituais de deuses africanos. Até mesmo o priere Guiné, uma oração longa recitada perto do começo de cerimônias de Vodu ortodoxas, incorporam versos sobre a Virgem Maria e vários santos.

Isto não significa, porém, que os loa foram sincretizados com os santos católicos. Ninguém confunde Ogoun Feraille com São James, o Grande, simplesmente a imagem que é usada. Se São James é invocado, ele é considerado diferente de Ogoun. Embora o priere Guiné incorpore versos sobre santos católicos, ninguém confunde uma cerimônia de Vodu realizada num peristilo com uma missa católica. John Murphy, em seu livro Santeria , propõe simbiose como um termo mais preciso que sincretismo.

Os Loa às vezes são considerados residentes em árvores, pedras ou raramente em animais. Porém, o loa na árvore não é o loa da árvore e cerimônias realizadas ao pé da árvore são dirigidas ao loa, não a qualquer princípio animista de energia vital pertencente à árvore. Os Loa do Vodu manifestam sua vontade através de sonhos, incidentes incomuns e através do mecanismo de possessão. A possessão é considerada normal, natural e desejável no contexto de uma cerimônia de Vodu e sob outras circunstâncias. Lwa que se manifestam por possessão cantam, dançam, contam piadas, curam doentes e dão conselhos.

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FET GHEDE NO HAITI ATUALMENTE

Dois de novembro, Dia dos Mortos, normalmente chamado de Fet Ghede (pronuncia-se guêdei)é um feriado nacional no Haiti. Católicos assistem missa de manhã e então vão para o cemitério, onde eles rezam e fazem consertos nas tumbas de familiares. A maioria dos católicos haitianos também são vodunistas, e vice-versa, de modo que no caminho para o cemitério muitas pessoas mudam de roupas, do branco que eles vestem para ir à igreja para o púrpura e negro dos loa Ghede, os espíritos de antepassados.

No meio da manhã as ruas de Port Au Prince estão atulhadas de milhares de pessoas. Dúzias já estão possessas por um Ghede e suas vozes nasais, piadas obscenas e giros da dança banda os fazem inconfundíveis. Grand Cemetiere, o cemitério principal de Port Au Prince, é lotado por pessoas. Multidões apertam-se ao redor da cruz cerimonial de 8 metros de Baron e da cruz menor de Maman Brigitte. Muitos trazem oferendas de café e rum que eles vertem ao pé das cruzes. Eles também oferecem pão, amendoim grelhado, milho assado e às vezes comida apimentada.

Ocasionalmente uma pessoa, normalmente um Houngan ou Mambo, sacrificam uma galinha ou um par de pombos. As oferendas são rapidamente consumidas pelos mendigos que se amontoam pelo cemitério. Algumas pessoas vendem velas, fitas de cera de abelha e imagens religiosas de santos para representar o Baron, Maman Brigitte e os Ghedes.

Imagine uma Mambo em saias volumosas de negro e lavanda, um babado das mesmas cores, vários lenços de seda amarrados ao redor de sua cabeça e fios de contas ao pescoço dela; ela aproxima-se da cruz de Maman Brigitte com seus hounsis (os que receberam a primeira iniciação.) Ela leva fitas de cera de abelha pegajosa que ela afixa a cada braço da cruz e ao centro. Então ela retira uma galinha preta de seu saco de palha e a passa em cima dos corpos dos hounsis, removendo todas as más influências. Depois da oração, ela mata a galinha rapidamente da mesma maneira que ela faria para uma refeição ordinária. O sangue jorra na cruz e ela doa a galinha a uma mendiga faminta que espera. A Mambo é possuída por Maman Brigitte e profetiza os eventos do próximo ano. Um do hounsis que se comportou mal é castigado com alguns tapas gentis e um que está doente recebe uma receita para um tônico de ervas. Então Maman Brigitte encharca a cruz dela com rum, canta e dança a banda com grande virtuosismo para alegria dos presentes. Alguns momentos depois ela sai da cabeça da Mambo, que ,novamente consciente, recompõe-se a e deixa o cemitério com dignidade extrema.

Pela cidade, no cemitério de Drouillard, onde é enterrado o mais pobre dos pobres, as pessoas do bairro Cite de Soleil, a adoração é ainda mais intensa. Filas de vodunistas de vários peristilos marcham cantando atrás de times de percussionistas, com cada vez mais pessoas sofrendo possessões conforme eles se aproximam do cemitério. Os que permanecem conscientes visitam os sepulcros de amigos e parentes e falam a eles como se pudessem ouvir debaixo do solo.

" Olhe, Papai, " diz uma mulher, " eu trouxe comida para você ".

Irmão mais velho, lamenta um homem jovem, " o Exército o matou, nós achamos seu corpo em pedaços, mas todos eles estão aí, irmão, não estão? Você não tocará os tambores novamente para nós, querido irmão.... Mamãe sente saudades, ela quis vir mas ela está doente. Veja o rum que eu trouxe para você "!

Os loa Ghede varrem o cemitério gritando piadas obscenas e cantando canções obscenas com todo o ar de seus pulmões. Aqui está uma canção popular entre os Ghedes ano passado no cemitério de Drouillard:

Zozo, tone! A la yon bagay ingra, (repita)
Koko malad kouche, zozo pa bouyi te ba l bwe ,
Koko malad kouche, zozo pa vine we l.

Pênis, pelo trovão! Que coisa ingrata, (repita)
Vagina está doente e cansada, pênis não ferve chá para ela,
Vagina doente e cansada, pênis não vem a ver.

Ano passado eu, uma Mambo americana, deixei um peristilo com um Houngan e nossa congregação. O Houngan teve em sua cabeça um Baron poderoso chamado Secretaire de la Croix, mas Secretaire estava recusando-se a possuir o Houngan, porque o Houngan tinha pego algum dinheiro dado para o Fet Gede e tinha usado para seus próprios propósitos. O Houngan foi muito humilhado, e decidiu ir diretamente para o cemitério pedir perdão.

Eu fiz uso de um caminhão, assim nós o enchemos de membros de nosso peristilo e rumamos pelas ruas sufocadas para o cemitério. Nós ficamos presos no tráfego e como esperamos demais, Baron Secretaire de la Croix ficou impaciente e me possuiu!

Até onde me foi falado, havia um carro na pista da contramão, também parado. Secretaire abriu a janela do motorista da pickup e começou a falar com os ocupantes do carro, muito surpreendidos por ver um Baron na cabeça de uma Mambo estrangeira! Duas senhoras muito ricas sentadas na parte de trás do carro foram para quem Baron prestou honra especial.

" Boa noite, senhoras. Baron disse.

" Boa noite, Baron, Papai." elas deram risada.

" E como estão seus clitóris hoje ? o Baron inquirindo muito seriamente.

Se seus clitóris não estiverem bem, vocês podem me falar e eu direi para esses dois grandes pênis velhos na frente do carro para entrarem em ação!

As mulheres que em qualquer outra circunstância teriam ficado furiosas, riram, como fizeram os dois homens na frente do carro. As velhas apoiaram na janela e responderam ao Baron.

" Nossos clitóris estão muito bem, Papai Baron. Muito obrigado !

E em alguns momentos cessara o trânsito intenso e o Baron me lançou da possessão e me deixou dirigir a pickup até o cemitério e lidar com a vergonha de nossos membros do peristilo rirem histericamente, relatando o incidente para mim!

À noite, cada peristilo faz uma dança em honra de Baron, Maman Brigitte, e dos Ghedes. As pessoas que vêm devem estar todas alimentadas e os loa que aparecem também são festejados com caldeiras de comida especialmente preparadas para eles. A dança segue ao longo na noite, mesmo até a alvorada. O talento artístico dos loa é incomparável e até mesmo não-vodunistas vêm assistir. Então os adoradores exaustos voltam para casa, esperar o próximo Fet Ghede do ano seguinte.

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GRUPOS DE LOAS RECONHECIDOS

Em uma cerimônia de Vodu ortodoxo, seguinte ao priere Guiné e às saudações para a assembléia e à energia espiritual dos tambores e percussionistas, os loa são honrados em seqüência. A sua vez, são oferecidas canções para cada loa e em casos específicos, oferendas de comida ou sacrifícios de animais. Um iniciado tem que memorizar esta seqüência como uma parte do seu treinamento e um Houngan ou Mambo devem poder observar esta ordem quando administrando uma cerimônia. Um mínimo de três canções são cantadas para cada loa e cada canção é repetida pelo menos três vezes.

No rito de Vodu ortodoxo, há três grupos principais de loa : o Rada, o Ghede e o Petro.

Os loa do Rada são principalmente mas não exclusivamente Dahomeanos em origem. Suar cor cerimonial é branca, com a qualificação que loas individuais dentro deste grupo podem ter suas próprias cores. Eles são considerados misericordiosos e em alguns casos tão antigos por serem vagarosos e desprendidos no agir. Os ritmos dos loas de Rada são batidos em tanbou kon, tambores com tiras de madeira que seguram o couro estirado em cima da cabeça de tambor. A pele do tambor maior, o maman, é couro de vaca, o outro de couro de cabra. Os tambores são tocados com baquetas. Esta parte da cerimônia é disciplinada, concentrada, meticulosa e cerebral.

Os loa Rada, em ordem cerimonial, são como segue: Legba, Marassa, Maluco, Aizan, Damballah e Aida Wedo, Sobo, Badessy,Agassou, Silibo, Agwe e La Sirene, Erzulie, Bossu, Agarou, Azaka, o grupo Ogoun (St. Jacques de Ogoun, Ossange, Ogoun Badagri, Ogoun Feraille, Ogoun Fer, Ogoun Shango, Ogoun Balindjo, Ogoun Balizage, OgounYemsen).

Seguindo os loa Rada, vêm a família Ghede incluindo Baron e Maman Brigitte. Não há nenhuma ordem particularde aparição destes loa dentro do seu próprio grupo. Suas cores cerimoniais são o violeta e o negro. O grupo dos Ghede é obsceno e lascivo, e eles provêem boas risadas para segurar o intenso e disciplinado esforço da seção Rada. Os Barons e Brigittes são muito místicos. Os Ghede estão sempre ansiosos para contar piadas e dar conselhos.

Depois do Rada e do Ghede resta uma parte da cerimônia dedicada para os loa do grupo Petro. Estes loa são predominantemente do Congo e de origem ocidental. Sua cor cerimonial é vermelha. Eles são considerados ferozes, protetores, mágikos e agressivo para com os adversários. O ritmo dos loa Petro é batido em tanbou fey, tambores com aro de corda que segura o couro estirado em cima da cabeça do tambor. A cabeça deste tambor é exclusivamente de couro de cabra e é batido com as palmas das mãos. Esta parte da cerimônia é quente, de ritmo rápido e excitante. Os loa Petro, em ordem cerimonial, são como segue: Legba Petro, Marassa Petro, Wawangol, Ibo, Senegal, Kongo, Kaplaou, Kanga,Takya, Zoklimo, Simbi Dlo, Gran Simba, Carrefour, Cimitiere, Gran Bwa, Kongo Savanne, Erzulie Dantor (também conhecida como Erzulie Je Rouge), Marinette, Don Petro, Ti-Jean Petro, Gros Point, Simbi Andezo, Simbi Makaya.

Quando as três repetições da canção final para Simbi Makaya são terminadas, a cerimônia acaba. Às vezes participantes que são especificamente entusiasmados continuarão a cantar canções populares que, embora relacionadas aos loa, necessariamente não são parte da ordem cerimonial. Tais canções são parte da música popular haitiana, feita por artistas haitianos. Uma vez que os participantes estejam satisfeitos, os tambores são deitados e todos vão descansar em esteiras de talos de bananeira até o alvorecer.

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OS LOAS CHAMADOS DJAB

A palavra djab no Crèole haitiano é derivada do francês diable (diabo), mas o termo no contexto do Vodu haitiano leva conotação diferente. Certos loa são individuais e sem igual, servidos por só um indivíduo, às vezes uma Mambo ou um Houngan e são considerados quase propriedade do indivíduo. Estes loa não se ajustam facilmente na liturgia de Vodu ortodoxo, em qualquer dos três grupos. Tais loa, e mesmo loa mais comuns, como os loa Makaya, são comumente chamados djab, mas aqui na significação arcaica de espírito, não necessariamente bom ou ruim. A função destes djab é mágika ao invés de religiosa. Um djab é freqüentemente conjurado por um Houngan, Mambo ou Bokor, em nome de um cliente, para entrar em ação agressiva contra o inimigo do cliente ou concorrente do mesmo. Um djab requer pagamento do cliente por seus serviços, normalmente na forma de sacrifício animal regularmente realizado.

Um Houngan ou Mambo que servem um djab são normalmente protegidos de possíveis atos de agressão fortuita pelo djab; geralmente por um garde, uma proteção mágika efetuada esfregando ervas secas especialmente preparadas em cortes pequenos feitos cerimonialmente na pele do indivíduo. O garde é anualmente renovado no solstício de inverno, quando os membros se reúnem para preparar ervas.

As leves cicatrizes do garde formam um padrão peculiar para a sociedade, e podem servir como uma marca identificando membros. Por exemplo, eu tenho em meu ombro esquerdo um garde conferido a mim pelo Houngan Sauvert Joseph que ajudou a minha iniciação. No encontro anual de sua sociedade, eu recebi o garde do djab Kita Maza, um djab protetor afável mas agressivo e a forma da cicatriz, uma cruz dupla semelhante em forma a um jogo-da-velha, é distinguível para Kita Maza e para a sociedade do Houngan Sauvert Joseph.

Djabs também pode ser específicos para um determinado lugar. Nas cavernas de Bodde perto de Trouin no sul do Haiti, acredita-se que resida um djab de nome Met Set Joune, Mestre Dos Sete Dias. Até mesmo se uma Mambo, Houngan ou Bokor sirva este djab em um peristilo localizado em outro lugar, as cavernas permaneceram a casa do djab.

Certos djabs particularmente amorais podem ser invocados, drenar a energia vital de uma pessoa e efetuar seu falecimento. Quando um djab é responsável pela morte de uma pessoa, o dito crèole não é o djab matou a pessoa , mas ao invés, djab la manje moun nan, o djab comeu a pessoa . Isto não significa que a carne da pessoa é comida canibalisticamente pelo Houngan, Mambo ou Bokor possuído pelo djab, somente que o djab consome a força vital da pessoa.

Um Houngan ou uma Mambo ortodoxos estão sob juramento de nunca ferir alguém, embora as invocações de djabs são mais freqüentes no caso de Bokors. Porém um iniciado de Vodu ortodoxo pode invocar um djab e até mesmo dirigi-lo para matar uma pessoa, se a pessoa é uma assassina, um ladrão profissional ou um seqüestrador profissional.

Mambo Marinette invocou uma loa Petro freqüentemente chamada de djab, Erzulie Dantor, e executou o sacrifício de um porco selvagem, à cerimônia de Bwa Caiman em 1794, o que começou a revolução haitiana. Durante a revolução, djabs haitianos eram muito importantes e acreditava-se que conferiam imunidade contra as balas desferidas pelo escravizador francês branco. Até mesmo a morte da maioria dos membros da força expedicionária do Gel. LeClerc devido a febre amarela foi devida ao resultado do trabalho de djabs.

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VODU: ALTAR E PRIMEIRA OFERENDA AOS ANCESTRAIS

Parte 1 - Construindo um Altar

Pessoas de muitas fés diferentes constróem altares. Até mesmo pessoas que não pertencem a qualquer fé particular podem reservar um canto de um quarto onde eles se sentam e pensam, meditam e rezam, fazem yôga ou tocam um tambor africano. Muitas vezes eles criam altares improvisados que incluem muitos destes objetos - flores, pedras e cristais, símbolos sagrados, fotografias ou imagens dos antepassados do indivíduo ou de personagens importantes, incensos, instrumentos musicais, velas, livros espiritualistas.

Conscientemente ou inconscientemente, quando nós construímos altares nos comprometemos num esforço em abrir a mais enigmática de todas as portas - a porta entre o mundo humano e o mundo espiritual. Um altar é uma representação da mesma porta em termos materiais - o altar é a porta. Quando você se senta na frente de seu altar, você está convidando as forças espirituais do outro lado desta porta para te notarem, te visitarem e agirem sobre você.

Considerando que a maioria das pessoas que moram no Brasil não podem começar a prática desta religião assistindo cerimônias de Vodu, uma das primeiras coisas que se pode fazer é construir um altar. Os altares de Vodu são tão variados quanto os indivíduos que praticam o mesmo. De certo modo, um peristilo é um altar, grande o bastante para os adoradores dançarem ao redor do centro, tocar tambor, executar sacrifícios, sofrer possessão - em resumo, representar cada aspecto do drama cósmico. Dentro do peristilo há áreas dedicadas a um loa específico - a cruz do Baron ou uma barraca de folhas de palmeira para Erzulie. Junto ao peristilo existem salas menores chamadas djevo ou bagi nas quais são mantidos os objetos cerimoniais de uma sociedade de Vodu. Porém, estes objetos que incluem chocalhos sagrados, garrafas vazias para oferendas de bebida, tetes dados durante a iniciação e potes de barro chamados govi, não têm uso algum para quem não seja iniciado. Um modelo melhor é achado no kay myste (do francês caille des mysteres, casa de mistérios). Estas são casas pequenas, freqüentemente não maiores do que 5 a 7 metros, nas quais são construídos altares individuais para cada loa que o dono da kay myste serve . Estes altares incorporam muitos materiais comuns, facilmente disponíveis em todos lugares no mundo. Eles são notáveis por sua individualidade e beleza. Frequentemente são construídos altares no Haiti num chão sujo.

Sua kay myste pode consistir em uma área pequena em seu quarto ou sala, embora o sentimento no Haiti é que não é bom dormir no mesmo lugar com objetos consagrados ao loa, especialmente com uma pessoa do sexo oposto; exceto durante a iniciação, quando o sexo é proibido de qualquer maneira. Você pode separar esta área com uma cortina ou separar um quarto inteiro para o serviço ao loa. As instruções que seguem lhe darão sugestões para construir um tipo de altar muito básico que pode ser então ser elaborado para o serviço a qualquer loa específico que você deseje.

Sugestões para construir um altar básico:

No Haiti, quando um Vodunista deseja fazer um altar em casa para um aspecto determinado de Deus, um santo, ou um loa, eles freqüentemente compram certos objetos religiosos identificados com qualquer princípio que eles queiram servir e então um Houngan ou Mambo monta e consagra o altar. Alguns são feitos por definição em um chão sujo, outros são construídos em plataformas de tábuas ou mais freqüentemente de concreto.

Aqui está um possível método para montar um altar básico em lugar fechado, sem ser em chão sujo. Adquira um pano branco e lave em água com sua primeira urinada da manhã. Você pode substituir a urina por vinagre. Deixe o lençol secar ao ar livre, ao sol se possível. Cubra sua mesa de altar com ele e então borrife-o levemente com seu perfume favorito. Logo, consiga quatro pedras pequenas que encontre próximas à sua casa, limpe-as deixando-as de molho com sal grosso e enxaguando bem, então coloque uma pedra em cada canto de seu altar. Limpe uma garrafa de vinho, uma tigela de vidro ou outra vasilha e encha de água. Não use metal ou louça - apenas vidro ou cristal. Coloque-a no centro de seu altar e adicione três de porções de anisete ou rum branco assim que você abençoar a água.

É comum no Vodu a prática de batizar objetos rituais, quer dizer, dar nomes a eles. Você pode levar um maço de manjericão e pode ungir o batismo sobre seu vidro de água que agora será uma passagem poderosa para energia espiritual. Você pode nomear quase qualquer coisa apropriado, de maneira fantástica e positiva - Água da Vida ou Gargarejo da Mamãe Que Traz Espírito ou o que quer que seja!

Em um castiçal de vidro, coloque um pouco de terra de próximo da sua casa e uns grãos de sal grosso. Pegue uma vela branca e com algum óleo vegetal puro esfregue do meio até o topo e então do meio até a base. Enquanto você lubrifica a vela, dirija sua energia para suas mãos e ore por consciência espiritual. Ponha firmemente na frente a vela no castiçal e coloque tudo na frente da vasilha de água. Não acenda a vela ainda.

Ao redor do altar você colocará outros objetos de acordo com os princípios divinos que você deseja servir. Um santuário de ancestrais terá imagens de antepassados mortos, o altar de Ogoun terá um machete e um lenço vermelho, o santuário de Erzulie Freda terá flores e jóias, e assim por diante.


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EXPEIÊNCIA DE UMA MAMBO

Meu primeiro banquete ancestral aconteceu antes de que eu fosse ordenada como uma Mambo. Eu queria que tudo estivesse tão bonito quanto possível, assim eu limpei minha sala primeiro, então meu altar e todos os objetos do altar, cristais, panos do altar, etc. Eu borrifei o altar com perfume e pus velas novas nos castiçais.

Eu fiz tipos diferentes de comida. Havia galinha, arroz e feijão, verduras cozidas e frutas tropicais para meus antepassados africanos; salsicha, batatas cozidas, saurkraut e doces para meus antepassados europeus, amendoins tostados, milho fervido e carne de coco como comida genérica de antepassado. Havia cerveja, rum, leite, suco de fruta - em resumo, tudo eu pude pensar. Todo prato de comida teve sua própria vela. Eu apresentei as comidas e as bebidas para os antepassados, acendi as velas, meditei e deixei o quarto.

Aquela noite, eu tive alguns sonhos muito interessantes. De manhã, eu notei a condição das velas - toda vela foi queimada até o fim - nem uma gota de cera ou um fragmento de pavio permaneceu em qualquer dos pratos. Puxa , eu pensei, esses antepassados realmente deviam estar famintos! Eu recolhi a comida e coloquei tudo ao pé de uma árvore perto de um rio. Enquanto eu caminhava para casa, eu pensei, qual de meus ancestrais ou loa virá me ajudar agora ?

Era um dia bonito de primavera e eu estava caminhando só em uma estrada rural. Um pequeno fusca amarelo estava passando e buzinou. Eu pensei que a pessoa devia estar perdida e queria indicações, mas assim que olhei, não havia motorista no carro! Instintivamente eu notei a placa - 125 LOA !

Agora, você poderia pensar que alimentar e servir 125 loa deixaria minha conta do supermercado enorme. Mas de fato, a parte de cerimônias maiores, os serviços regulares para os antepassados consistem de um pouco de comida no jantar de segunda-feira, libações ocasionais e a observância correta do Festim dos Mortos (Fet Ghede) a cada 2 de novembro.

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